
Primeiro foi o “rei da rachadinha”. Agora foi o assessor do Planalto, José Vicente Santini, aquele mesmo que foi flagrado usando jatinho particular com dinheiro público. Para quem criou o “orçamento secreto” de R$ 16 bi, isso parece só troco
O bolsonarismo é muito criativo na arte do roubo do dinheiro público. São experts nas “rachadinhas” de todo tipo. Esse método, iniciado pelo próprio Jair, rendeu, segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro, mais de R$ 6 milhões para seu filho, Flávio Bolsonaro. Por coincidência, ele também comprou uma mansão em Brasília pelo valor de R$ 6 milhões. Parece ser um valor padrão.
Teve também a ideia inédita, criada por Jair Bolsonaro, de colocar dois pastores para cobrar propina no Ministério da Educação. Isso depois do Brasil ter tomado conhecimento do famoso “um dólar por dose de vacina”, e por aí vai.
Mas, agora vão surgindo novas traquinagens da família e dos amigos de Jair. Shows milionários de cantores bolsonaristas que pregam as ideias do Planalto de violência e ódio, em prefeituras minúsculas pelo país. Teve um município e que o show custou R$ 1 milhão, que era mais do que todo o orçamento anual da cidade. A Justiça já está de olho nessa nova modalidade de roubo criada pelo bolsonaristas.
Agora foi a vez do secretário nacional de Justiça, José Vicente Santini, esbanjar. O amigo pessoal do presidente Jair Bolsonaro e de seus filhos Eduardo e Flávio, que era advogado, agora parece magnata. Ele já havia sido flagrado viajando em um jato particular com recurso público da Suíça, onde participava de uma conferência, para a Índia, onde iria bajular Jair Bolsonaro. Pois bem, ele também acaba de comprar uma mansão no valor de R$ 6,7 milhões no Lago Sul, região nobre do Distrito Federal.

Segundo reportagem do jornal Metrópoles, na compra da mansão, ele repassou uma cobertura, no valor de R$ 4,2 milhões, de 324 metros quadrados, que havia comprado no Noroeste em abril de 2020, três meses após ser exonerado da Casa Civil por causa do episódio do jatinho. A esposa do secretário, uma jornalista, deu outros R$ 2,5 milhões para quitar o negócio. A casa fica em um condomínio fechado próximo à mansão comprada por Flávio Bolsonaro também por R$ 6 milhões.
Além de advogado por formação, o secretário tinha um escritório de advocacia pouco conhecido antes de entrar para o governo. Santini afirmou ao Metrópole que usou dinheiro de economias pessoais nas transações e que tem rendimentos provenientes de uma empresa de segurança da qual é sócio com o irmão, policial militar aposentado.
Não bastasse isso, Bolsonaro maquinou ainda o escandaloso “orçamento secreto”, esquema sofisticado de desvio de verbas públicas para atender interesses privados. O desvio inventado por Bolsonaro e sua base non Congresso foi apontado como criminoso pela ministra Rosa Weber. Bolsonaro instituiu o uso escandaloso do orçamento para comprar votos à luz do dia.
Escândalos, um atrás do outro, começaram a vir à tona com a farra do orçamento secreto. Emendas de relator que só iam para quem se rendesse aos desatinos de Bolsonaro. Foram R$ 16 bilhões só este ano para a farra. Caminhões de lixo caríssimos para cidades que necessitavam de de pequenos caminhões, tratores superfaturados, ambulâncias para redutos eleitorais de ministros e, por aí vai.
Quando o secretário foi flagrado no voo particular com dinheiro público, Bolsonaro fez um jogo e cena e o afastou do cargo. A ‘irritação’ dele com o auxiliar e amigo durou pouco. Oito meses depois, ele foi nomeado assessor especial do então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Mas logo voltou a despachar no Palácio do Planalto, como secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência, que serve diretamente ao gabinete do presidente da República. Em agosto do ano passado, assumiu a Secretaria Nacional de Justiça, órgão do Ministério da Justiça.