Mais um depoimento confirma que Michel Temer recebeu propina da Odebrecht. Desta vez foi outro ex-funcionário da transportadora “Transnacional”, empresa terceirizada que fazia entregas de propinas da empreiteira para políticos de diversos partidos. Confirmando o que já havia dito o policial militar Abel de Queiroz, o n ovo depoente, Wilson Francisco Alves, que também fazia entregas, apontou o escritório de José Yunes, homem de confiança e ex-assessor especial do presidente Michel Temer, como ponto de entrega de dinheiro.
No depoimento de Wilson Alves, prestado no último dia 17 de abril, ele afirmou que recorda-se de ter estado no endereço onde fica o escritório de Yunes, acrescentando que “recorda-se bem deste local, em razão do muro de vidro do prédio onde ocorreram entregas de malotes”. Segundo Alves, “neste endereço, efetuou três ou quatro entregas durante uma determinada semana, não se recorda especificamente se em 2013 ou 2014”. No depoimento, ele afirmou ainda ter participado de entregas “pontuais” no local.
Wilson Alves reforça a certeza sobre o lugar ao dizer que, após ser informado por antigos colegas de empresa sobre as questões da Polícia Federal em relação ao endereço, “decidiu retornar com os colegas da Transnacional aos endereços citados pela Polícia Federal, para ter certeza de que efetivamente foram feitas entregas naqueles endereços”. “[Alves afirmou] que, desta forma, retornou ao endereço […] com os colegas que trabalhavam na Transnacional, de forma que afirma com certeza que esteve algumas vezes neste local para entrega de valores durante o seu período de trabalho na Transnacional”, diz um trecho do depoimento.
Os depoimentos de funcionários da empresa Transnacional revelaram que a Odebrecht usou os serviços dela para pagar propina. Além de Temer, la entregou dinheiro para a senadora Gleisi Hoffmman, presidente do PT e a Ciro Nogueira, presidente do PP. A transportadora, que no Rio de Janeiro tem o nome de Trans-Expert, foi utilizada também para o transporte de valores envolvendo os esquemas ligados ao ex-governador Sérgio Cabral (PMDB).
A Odebrecht admitiu, através de depoimentos de seus executivos, que se utilizava do doleiro Álvaro Novis para transferir recursos do ‘departamento de propinas’ para políticos. Novis, por sua vez, confessou também, em acordo com as autoridades, que sua empresa, a Hoya Corretora, realmente se utilizava dos serviços da transportadora Transnacional. Ele apresentou à Justiça uma planilha com R$ 260 milhões distribuídos de propina.
Um dos motoristas desta empresa, Geraldo Pereira Oliveira, teve sua foto registrada na entrada e saída do prédio onde ficava a empresa dos marqueteiros da campanha de Gleisi Hofmenn, do PT. Para complicar ainda mais a situação da senadora, a polícia detectou 13 ligações da senadora para o executivo da Odebrecht, Benedicto Júnior, o ‘BJ’. Além disso, o seu chefe de gabinete, Leones Dall’Agnol, outro denunciado, também fez outras quatro ligações e enviou mensagens de texto ao celular do executivo.
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