Senador afirmou que sentiu “vontade de vomitar” com o “flerte” da sigla com o presidente
O senador Major Olimpio (PSL-SP) ameaçou deixar o partido depois da notícia que a legenda estaria se reaproximando de Jair Bolsonaro.
Em mensagem encaminhada no grupo de parlamentares do partido, conforme nota que postou no Twitter, o parlamentar disse ter sentido “vontade de vomitar” com o “flerte” da sigla com o presidente.
“Ao ler matéria jornalística dando conta (de) que Bolsonaro busca reaproximação com o PSL para ampliar sua base, e que ligou para (o presidente do partido) Luciano Bivar e que o vice-presidente do partido, (Antonio) Rueda, e (o senador) Flávio Bolsonaro (Republicanos) costuram a aproximação, me deu vontade de vomitar!”, escreveu o senador.
Olímpio usou na rede social o mesmo slogan utilizado contra Dilma Rousseff (PT), durante seu processo de impeachment, adaptando o “tchau, querida” para “queridos”. “Eu disse no grupo de parlamentares do PSL que, se isto acontecer, sentirei muita saudade do partido. TCHAU QUERIDOS!”.
A reaproximação foi noticiada sábado (11) pelo jornal O Globo. Segundo o veículo, em troca do retorno do PSL à sua base no Congresso, o presidente ofereceu cargos ao partido, como a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste, a Eletrosul e o Banco da Amazônia.
Eleito pela sigla, Bolsonaro rompeu com a legenda e se desfiliou no final do ano passado para criar um novo partido, chamado Aliança pelo Brasil. Porém, apesar do empenho pessoal do presidente, até agora não há número suficiente de assinaturas para que o pedido de registro da nova agremiação seja encaminhado ao Tribunal Superior Eleitoral.
A saída de Bolsonaro do PSL ocorreu após uma série de desentendimentos entre ele e o presidente do partido, Luciano Bivar, que teve no centro o controle do fundo partidário.
Ao se tornar o segundo maior partido da Câmara, o PSL aumentou sua participação no fundo partidário: saltou de R$ 9,7 milhões em 2018 para R$ 110 milhões em 2019 – e a expectativa na época era que, em 2020, o valor saltaria para algo entre R$ 400 milhões e R$ 500 milhões.
Na ocasião da disputa, o presidente chegou a dizer a um apoiador para “esquecer” Bivar, pois ele estaria “queimado para caramba”. Essa declaração desencadeou uma crise no partido.
Segundo O Globo, a reaproximação foi selada com um telefonema de Bolsonaro para Bivar, há duas semanas. A conversa foi rápida, porém cordial. Antes disso, o partido já teria feito um aceno ao presidente com a retirada de Joice Hasselmann (PSL-SP) da liderança da sigla na Câmara dos Deputados.
A deputada federal, que comanda o partido na capital paulista e passou a fazer oposição ao presidente, também usou o Twitter para descartar uma possível reaproximação do partido com Bolsonaro. “O PSL não está à venda e não participará do tomá-la-da-cá do governo”, escreveu.
Dirigentes do PSL afirmam que os cargos não foram aceitos e que a reaproximação com o presidente ocorre por “afinidade de pautas”.
O presidente do PSL de São Paulo, deputado Júnior Bozzella, divulgou nota negando a reaproximação com Bolsonaro. “Você está arrependido, Jair Bolsonaro? Mas nós não!”, escreve Bozzella na nota.
“Bolsonaro um determinado dia disse: “Esquece o PSL , tá ok?”. Hoje ele volta implorando perdão a esse mesmo PSL. Perceberam quem é o traidor “arrependido”?”, conclui o texto.