O senador Major Olimpio (PSL-SP) rejeitou a ideia de Jair Bolsonaro retornar ao partido e disse que “se o PSL quiser mesmo lutar contra a corrupção, não é com Bolsonaro”.
“Dignidade não tem preço! Num dia ninguém do PSL presta, depois Bolsonaro quer voltar? Quem disse que o PSL o quer? Já se acostumou com o toma lá dá cá do Centrão?”, questionou Olimpio pelas redes sociais.
“Se a maioria tiver vergonha na cara, não aceita! Se o PSL quiser mesmo lutar contra a corrupção, não é com Bolsonaro”, completou. “Mais fácil o PSL aceitar a filiação do Lula”, disse.
Em transmissão feita na quinta-feira (13), Jair Bolsonaro disse que terá que “olhar outros partidos” para as eleições municipais no fim do ano. Entre as possibilidades, está o PTB de Roberto Jefferson e o PSL.
O partido que Bolsonaro fundou, o Aliança, está sendo um fracasso na coleta de assinaturas de apoio necessárias para registrá-lo. Lançado em novembro do ano passado, após o rompimento de Bolsonaro e Bivar, o Aliança conseguiu apenas 3% das 490 mil assinaturas necessárias para conseguir o registro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até o fim de julho.
“A gente bota as condições na mesa de reconciliar, eles botam de lá para cá também”.
“Não posso jogar as fichas apenas no Aliança, que, eu esperava, ia ficar pronto este ano. Acho que vai ser difícil ficar pronto, mas não pretendemos desistir dessa ideia. Vou conversar com o pessoal do PSL, apesar de ter saído”, disse Bolsonaro.
“Ali tem uns 43, 44 parlamentares que conversam comigo. Tem uns oito ali que não dá para conversar tendo em vista o nível para onde conduziu a política, entrando na questão pessoal. Mas a gente está conversando com o PSL também”.
Jair Bolsonaro deixou o PSL depois de perder uma disputa pelo dinheiro do fundo partidário para o presidente do partido, Luciano Bivar.
O PSL suspendeu a atividade de 14 parlamentares que estavam do lado de Jair Bolsonaro. O senador Flávio Bolsonaro deixou de ser líder do partido no Senado e passou para o Republicanos.
O grupo de parlamentares mais próximo a Luciano Bivar comemorou a saída de Jair Bolsonaro por conta de seu envolvimento em escândalos de corrupção.
“Temos o caso do Queiroz e o do ministro do Turismo, e o presidente tenta encobrir esses dois assuntos ao mesmo tempo em que desfere ataques indevidos ao PSL”, disse o deputado Júnior Bozzella (SP).
Luciano Bivar não descartou a possibilidade de reentrada de Jair Bolsonaro. “Essa reaproximação tem sido feita por alguns parlamentares. Qual a ideia? É que fosse feita uma revisão das sanções que, num passado recente, foram feitas”.
“Tem ‘n’ partidos querendo o Bolsonaro. Entendo esse comentário dele como uma gentileza, um sinal de distensão, uma hipótese. Mas não foi um assunto colocado”, completou.
CORRUPTOS
Para conseguir uma base no Congresso Nacional e afastar a possibilidade de um impeachment, Bolsonaro tem se aproximado de partidos do chamado “centrão” e distribuído cargos.
Na quarta-feira (12), Jair Bolsonaro nomeou o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), ex-ministro da Saúde do governo de Michel Temer, como líder do governo na Câmara.
Barros é acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) de desvio, pelo menos, de R$ 19 milhões em um contrato feito durante sua gestão no Ministério da Saúde. Ele autorizou o pagamento a uma empresa que sabidamente não tinha cumprido seu contrato.
O deputado Ricardo Barros também foi vice-líder do governo Dilma Rousseff na Câmara e esteve cotado para assumir o Ministério da Saúde ainda na gestão da petista.
Bolsonaro também indicou o ex-presidente Michel Temer (MDB) para chefiar a missão brasileira de solidariedade ao Líbano, cuja capital, Beirute, sofreu com uma explosão na região portuária.
Na publicação rejeitando a volta dos bolsonaristas ao PSL, Major Olímpio colocou um vídeo mostrando um discurso feito por Jair Bolsonaro no qual se dizia: “o único que pode romper essa barreira, o establishment, a máquina, o sistema, é Jair Bolsonaro, porque nós temos moral e honestidade para cumprir essa missão”.
Outro trecho mostra Bolsonaro dizendo que “se é para fazer a mesma coisa” que os outros governos, que distribuem cargos em troca de apoio parlamentar, “estou fora”.
E ainda: “governabilidade é equivalente à corrupção no Brasil. Se o Temer [então presidente] hoje ligar para o ministro ‘x’, [e dizer] ‘olha isso, isso, isso…’, ele fala: ‘presidente, fica quieto senão dos 30 votos do meu partido você não vai ter nada’. Ele [Temer] mete o rabo entre as pernas e fica quieto”.
“Esse toma lá dá cá é a raiz, a origem da corrupção e da ineficiência do Estado”, disse Bolsonaro na época.