
O pastor Silas Malafaia, fundador da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, confirmou ter recebido investimento milionário do empresário Francisley Valdevino da Silva, conhecido como “Sheik do Bitcoin” — condenado a 56 anos de prisão, por comandar esquema de pirâmide financeira com criptomoedas. Ele está preso desde agosto de 2024.
As informações são do portal Metrópoles.
O aporte, de R$ 30 milhões, foi destinado à Central Gospel, editora ligada ao “líder religioso”, que se encontrava em recuperação judicial desde 2019.
Segundo Malafaia, a parceria não teve relação com os crimes atribuídos a Francisley. Em entrevista à coluna do jornalista Tácio Lorran, do Metrópoles, o pastor ressaltou que a editora passava por dificuldades financeiras e que o investimento foi alívio no momento mais crítico.
“Ele botou dinheiro na minha editora para comprar material, para me ajudar no momento mais difícil da minha recuperação. O que eu tenho a ver com os crimes de bitcoin, de moeda, de criptomoeda dele?”, questionou.
SÓCIO DO “SHEIK DO BITCOIN”
O correligionário do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e também orientador político reconheceu que foi sócio do “Sheik do Bitcoin” na empresa Alvox Gospel Livros Marketing Direto, criada em 2021 para atuar no segmento evangélico digital.
A sociedade durou mais de 1 ano e foi encerrada em julho de 2022. De acordo com Malafaia, a decisão de deixar a Alvox ocorreu em março daquele ano, meses antes de surgirem as primeiras notícias de que Francisley estava sendo investigado.
“É bom informar que, quando ele foi sócio comigo, não havia uma denúncia no Ministério Público e Polícia Federal contra ele”, frisou.
PODER DE DECISÃO NA ALVOX
O pastor também afirmou não ter exercido poder de decisão na Alvox, função que teria ficado sob a gestão de Francisley. “E quando começou os rumos de conversa, eu caí fora e saí da empresa. Aí começou em junho as notícias de que ele estava sendo investigado”, completou.
Malafaia também negou ter feito qualquer propaganda em favor de Francisley com os membros da igreja da qual é dono, na tentativa de afastar suspeitas de que poderia ter usado sua influência para atrair fiéis ao negócio.
“Onde é que eu fiz propaganda para alguém comprar coisas ou membros da minha igreja? Em lugar nenhum. Eu fui sócio dele de uma empresa, repito, onde ele era o sócio controlador, e eu saí da empresa antes de ser denunciado pela Polícia Federal”, disse.
RELAÇÃO ENTRE MALAFAIA E FRANCISLEY
A relação entre Malafaia e Francisley veio à tona após o depoimento de testemunha-chave no processo que resultou na condenação do “Sheik do Bitcoin”.
O empresário Davi Zocal afirmou à PF (Polícia Federal) que acompanhou o início da parceria e que o objetivo da criação da Alvox teria sido “esquivar-se” de possíveis desgastes.
“O Silas falou assim pra ele: ‘Cara, vamos fazer uma empresa com outro nome para não ferrar para nós, né?’ Então abriram a Alvox, mas o foco do Malafaia… O Francis foi sócio direto dele na principal empresa, mas foi só para dar uma esquivada”, declarou.
“SHEIK DO BITCOIN” E ESQUEMA DE R$ 4 BI
Francisley Valdevino da Silva foi alvo de operação da PF em outubro de 2022, cerca de 3 meses após o fim da sociedade com Malafaia. Em 2024, foi condenado pela Justiça Federal do Paraná a 56 anos de prisão por fraudes bilionárias no mercado de criptomoedas.
Dono da Rental Coins e de outras 100 empresas, o empresário movimentou cerca de R$ 4 bilhões entre 2018 e 2022. De acordo com a investigação, ele convencia investidores a aplicar recursos em seus negócios com a promessa de retornos elevados a partir da negociação de moedas digitais.
O esquema, no entanto, funcionava como pirâmide financeira e deixou prejuízos para aproximadamente 15 mil pessoas.
TIRANDO O CORPO FORA
Diante da repercussão, Malafaia tenta se desvincular do escândalo financeiro que envolve o antigo sócio.
O pastor sustenta que a participação dele foi restrita à sociedade empresarial formal e temporária, sem qualquer vínculo com os ilícitos que resultaram na condenação do “Sheik do Bitcoin”.
“Querem me acusar de quê? Vão prender os 100 caras que tinham empresas com ele?”, disse Malafaia.