
Onze publicações do pastor foram excluídas da rede social por associar a vacinação contra Covid-19 para crianças a “infanticídio”
Onze publicações do pastor Silas Malafaia foram excluídas do Twitter por associar a vacinação contra Covid-19 para crianças a “infanticídio”, ideia contrária a diversos estudos que mostram que a imunização infantil é segura.
Malafaia é reincidente. Em abril de 2020, a plataforma apagou sete publicações da conta do pastor. Ele havia, para variar, infringido regras sobre o coronavírus. No lugar das publicações, feitas durante a tarde daquele dia, aparecia a mensagem: “Este tweet não está mais disponível”.
O Twitter pediu a remoção do conteúdo após constatar que os tuítes de Malafaia eram “gravemente nocivos” e violaram a política de informações enganosas sobre a covid-19. Assim, o perfil teve as atividades restritas por 12 horas. Mas Malafaia ainda pode recorrer à análise da plataforma.
‘DERRUBA MALAFAIA’
O ‘religioso’ é alvo de protestos na hashtag #DerrubaMalafaia, em que tuíteiros pedem o banimento da conta dele. O episódio ocorre em meio à crise entre a rede e usuários sobre diretrizes para lidar com fake news na pandemia.
O líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo disse que está “dando gargalhada” diante dos pedidos de remoção do perfil dele.
“É um movimento de ‘esquerdopatas’, gente que me odeia. Tenho que rir, deram uma divulgação desgraçada para o vídeo”, disse Malafaia, referindo-se ao material em que associa a imunização à morte de crianças, o que contraria falas de especialistas do Brasil e do mundo.
MESMA LÓGICA VITIMOU MAIS DE 620 MIL
Na filmagem, que foi retirada do Twitter, mas continua disponível em outras redes, o pastor mostra captura de tela de estudo que cita dados do Ministério da Saúde de setembro de 2021 para argumentar que é baixo o índice de mortalidade infantil por Covid-19.
O movimento antivacina para crianças de 5 a 11 anos segue a mesma lógica que vitimou mais de 620 mil brasileiros. Se baseia em achismos anticiência e outras desinformações, cujo pano de fundo é o fundamentalismo religioso.
“Não existe nenhum risco grave de crianças morrendo. A quem interessa isso (vacinação infantil)? Isso é infanticídio. Isso é um absurdo. Se nós tivéssemos com alto número de crianças morrendo, então seria a ‘escolha de Sofia’. Mas não tem”, afirma o pastor no vídeo. O mesmo raciocínio rasteiro é seguido por Bolsonaro.
REGRAS DA PLATAFORMA
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Malafaia criticou a política do Twitter para lidar com sinalização de conteúdo falso. “‘Nêgo’ faz pressão e o Twitter tira primeiro a postagem do ar para depois te perguntar se você quer se defender. Já viu isso?”.
A extrema-direita fica ‘fula da vida’ quando é enquadrada em regras civilizatórias. Querem liberdade total para seguirem infringindo regras e leis contra a vida, no caso do coronavírus, e contra as instituições republicanas.
E segue: “Te acusam, te botam na cadeia e dizem: ‘agora você vai se defender’. É o que o Twitter faz. Tem que ser ao contrário. Isso é uma vergonha.”
Pelas regras da plataforma, as penalidades são aplicadas a tuítes que possam expor as pessoas a mais risco de contrair ou transmitir a doença, como os que negam a eficácia de medidas de proteção, sugerem tratamentos não aprovados ou distorcem estudos sobre vacinas.
As punições começam com o uso de etiqueta para sinalizar que o tuíte é enganoso e podem chegar à suspensão permanente de usuário, quando ele comete a partir de cinco transgressões.
Como pelo menos 11 postagens de Malafaia violaram as regras, os usuários têm pedido à rede o banimento permanente do perfil do pastor evangélico.
M. V.