
Os trabalhadores da Sabesp, Metrô, CPTM e da educação realizaram um ato em frente à Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) contra o projeto de privatização e sucateamento dos serviços essenciais. Nesta terça-feira, a Alesp iniciou discussões em plenário sobre o projeto de lei que prevê a privatização da Sabesp, motivo que levou à greve de 24 horas dos trabalhadores no dia de hoje.
O ato contou com a participação de entidades do movimento social e de parlamentares contrários ao projeto de privatização da Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp), apresentado pelo governador Tarcísio de Freitas.
Cláudio Fonseca, vereador e presidente do Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo (Sinpeem), classificou a proposta de privatização da Sabesp e do Metrô e CPTM como reacionárias e afirmou que “estas empresas são essenciais, fundamentais, para o bem-estar da população. Privatizar significa deixar a população patinando nas mãos do mercado, daqueles que querem obter apenas o lucro”, afirmou.
“O governador afirmou hoje que essa é uma luta política e ideológica. Sim! É política e é ideológica para defender a vida. E nós nos orgulhamos fazer uma luta ideológica contra o neoliberalismo, contra o desmonte do Estado, em defesa do povo”, completou Cláudio Fonseca.
“VERGONHA”
“Para justificar seus projetos, Tarcísio disse que, ao vencer a eleição, foi dada uma carta branca para ele fazer o que ele quisesse e nós estamos demonstrando que não. Nós viemos encher a Alesp para que os deputados não votem a privatização da Sabesp. Depois do apagão [provocado pela Enel] é uma vergonha que o governo de São Paulo encaminhe a privatização de mais um serviço essencial”, destacou a presidente do Sindicato dos Metroviários, Camila Lisboa.
Camila relatou ainda que Tarcísio tentou intimidar os trabalhadores para que não aderissem à greve, porém sem sucesso. “Tarcísio pode não gostar de democracia, mas nós conquistamos o direito de protestar, o direito de contestar e o direito de fazer greve. Conquistamos com muita luta. Tarcísio tentou intimidar os trabalhadores, mas ninguém entrou para trabalhar hoje. Os trabalhadores da Sabesp, do Metrô e da CPTM não vão aceitar que um ditador diga que não podemos contestar”, disse Camila.
Para José Faggian, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Sabesp (Sintaema), “a luta não acabou. O Sintaema unificado com as outras categorias continuará nas ruas para dizer um sonoro ‘Não!’ ao projeto privatista do governador Tarcísio. Tenho certeza que vamos ser vitoriosos”.

Renê Vicente, diretor do Sintaema, afirmou que “quando exercemos nosso direito de greve, demonstrando para a população que a privatização vai prejudicar o povo paulistano, o povo de São Paulo, ele diz que não vai aumentar o preço da tarifa. É uma mentira! Onde se privatizou a tarifa aumentou! No Rio de Janeiro, a tarifa social que aqui no estado de São Paulo hoje é R$ 22,50 para uma família em situação de vulnerabilidade ter acesso a 10 mil litros de água, lá custa 100% a mais”, disse Renê.
“QUEREM VENDER TUDO”
“Eles querem vender tudo. Querem vender a água, querem vender o Metrô, querem vender a educação”, denunciou Lucca Gidra, presidente da União Municipal dos Estudantes de São Paulo (UMES). “Mas nós também temos um projeto. O de não deixar as ruas, mobilizados, em defesa do investimento público, da escola pública e todos poderem ter orgulho. Não vamos deixar que desmontem nossa educação”, afirmou.

“A greve dos trabalhadores da Sabesp, do Metrô, da CPTM e dos professores é uma greve política sim. Mas isso não é um problema! Isso significa defender a qualidade do emprego e do serviço público, impedir a venda de um recurso natural e essencial como é a água e também lutar contra os cortes na educação”, disse Keila Pereira, vice-presidente do Instituto Cambuci, de Parelheiros, e representante da direção nacional da Juventude Pátria Livre (JPL). “Isso é política de verdade! Diferente da sujeira que Tarcísio quer fazer com São Paulo, que está priorizando o lucro [das empresas privadas] em vez da dignidade da vida das pessoas”.
Keila destacou, ainda, que a privatização da Sabesp é só o começo dos ataques de Tarcísio de Freitas ao povo paulista. “Já existe uma PEC [Proposta de Emenda Constitucional] para privatizar também a gestão das escolas públicas para a iniciativa privada e a gente não pode permitir isso! Água não é mercadoria, transporte coletivo não é mercadoria, educação não é mercadoria. Diga não à privatização”, completou.
O PL 1.501/2023 que privatiza a Sabesp está tramitando na Alesp em regime de urgência. As categorias têm pressionado parlamentares para que derrotem o projeto em no plenário da Casa.
Veja abaixo o vídeo do ato: