Várias manifestações tomaram as ruas do centro da capital argentina, Buenos Aires, na segunda-feira, 10, repudiando a política de arrocho do governo de Mauricio Macri. Convocadas pelo Movimento Evita, a Corrente dos Trabalhadores da Economia Popular, a Central de Trabalhadores Argentinos Autônoma, a Frente Popular Darío Santillán, a Corrente Classista Combativa, entre outras organizações, milhares de pessoas ligadas a cooperativas marcharam até o Ministério de Desenvolvimento Humano e Hábitat para exigir uma recomposição dos salários que, com a última desvalorização do peso e uma inflação prevista para o ano de 42%, ficaram longe do valor da cesta básica.
“O governo nos deu um aumento miserável de 15% ”, denunciaram os trabalhadores cooperativistas. “Nas favelas, onde moram cerca de 300 mil pessoas, a situação fica cada vez mais tensa. Hoje se necessitam 19000 pesos [2080 reais] para sobreviver. Mas os trabalhadores das cooperativas da Cidade cobramos apenas 8.000 [875 reais], que não dá nem para comer”, assinalaram, levantando a consigna “Basta de ajuste e fome! Aumento Salarial já!”.
Ao mesmo tempo, trabalhadores do Ministério de Justiça e Direitos Humanos e do Ministério de Segurança se reuniram na frente do Ministério de Fazenda para repudiar o arrocho no setor e defender tanto as fontes de trabalho como seus salários, diante da tentativa do ministro Nicolás Dujovne de enxugar o funcionalismo público demitindo milhares de pessoas. Segundo os sindicatos, o objetivo do governo é “administrar o orçamento desde o Ministério da Fazenda de forma antinacional cumprindo as exigências do FMI”. Os funcionários, que estão em estado de alerta e mobilização desde que o plano de Dujovne ficou público, advertem que poderiam acontecer 10 mil demissões.
Os trabalhadores do Estado nacional, da indústria e dos meios de comunicação foram os mais afetados por fechamentos e arrocho. As medias e pequenas empresas de indústria nacional (calçados, produção têxtil, alimentação) – enfrentando tarifaços de energia, impostos, juros bancários descontrolados, importação ilimitada, consumo mínimo de uma população empobrecida – quebram demitindo trabalhadores. A desvalorização da moeda (o dólar beira 39 pesos) interfere rapidamente no aumento dos preços dos produtos de consumo, da gasolina (transportes) e energia.
O Promotor da Terceira Idade, Eduardo Semino, denunciou que os aposentados e pensionistas acumulam uma perda de 9,7% em seu poder aquisitivo no último ano e fecharão 2018 com um retrocesso de 13 pontos percentuais, segundo as previsões do informe oficial do Ministério da Fazenda.