Manifestações em Lima e em Cuzco apoiam Castillo para presidente peruano

Maior ato aconteceu na cidade histórica de Cuzco (El Peruano)

Dezenas de milhares de pessoas saíram às ruas das principais cidades do Peru na terça-feira (1) alertando para o risco à “dignidade e justiça” representado pela candidatura da ex-deputada Keiko Fujimori, a presidente da República no segundo-turno que ocorrerá  no próximo domingo, dia 6.

Sob as consignas “Keiko não vá” e “Por justiça e dignidade, Fujimori nunca mais”, as manifestações foram convocadas por diversas organizações sociais e sindicais, em repúdio ao que muitos peruanos consideram uma continuidade das políticas do ditador Alberto Fujimori, preso por crimes contra a Humanidade e corrupção, na candidatura de Keiko, sua filha.

Os peruanos também carregavam faixas com palavras de ordem como “Corrupção nunca mais” e entoavam frases como “Sangue derramado jamais será esquecido”, segundo o jornal La República, de Lima.

A maior concentração foi registrada na cidade de Cusco, centro do império Inca e considerada a “capital histórica do país”, onde, segundo as redes sociais, mais de 90.000 pessoas tomaram as ruas.

A marcha de Lima também foi muito numerosa, onde os manifestantes partiram de vários pontos e convergiram na central Plaza San Martín. Ocorreram manifestações semelhantes nas capitais de todos os departamentos.

A campanha eleitoral ocorre em um país duramente atingido por uma profunda crise econômica e de saúde, que foi muito agravada pela pandemia. O Peru é hoje o país com a maior taxa de mortalidade do mundo, com 551 mortes para cada 100.000 habitantes, carece de assistência médica generalizada e gratuita, o que penaliza grande parte da população. O número oficial de mortos é de mais de 185.000, em um país de 32.6 milhões de habitantes.

Entre os manifestantes se destacavam estudantes universitários e parentes das vítimas dos massacres de Barrios Altos e La Cantuta, pelos quais o ex-presidente Alberto Fujimori foi condenado a 25 anos de prisão, além da rede de corrupção que se instalou durante o seu governo entre os anos 1990-2000.

Os resultados das pesquisas apontam o candidato Pedro Castillo, do partido Peru Libre, professor rural que luta contra a corrupção e encabeçou lutas salarias e direitos dos professores peruanos, como o candidato preferencial.

Uma pesquisa recente, realizada pelo Instituto Ipsos e publicada no domingo pelo jornal local El Comercio, indicou uma disputa acirrada em que 51,1% votariam a favor de Castillo e 48,9% a favor de Keiko.

No item rejeição, a filha do ex-ditador Fujimori acumula o maior rechaço popular: 55% dos entrevistados assegurou que jamais votariam em Keiko. Enquanto 33% não votariam em Castillo.

Durante seu último e massivo ato de campanha eleitoral, realizado na cidade de Juliaca-Puno, em 31 de maio último, Pedro Castillo apelou pelo sentimento patriótico do povo peruano para recuperar os recursos estratégicos do país, gravemente mutilados e saqueados pela corrupção nos últimos mandatos.

Castillo convocou os jovens a estarem na vanguarda de seu movimento político de mudança, pediu aos presentes ao ato que não se confundam com a propaganda dos setores mais antinacionais contra sua candidatura, chamou a unidade de todas as comunidades que compõem a sociedade peruana, tomando como base o investimento na educação para promover a transformação que o país necessita e promover uma nova industrialização desse país latino-americano.

Destacou que o povo peruano deve participar da próxima Assembleia Constituinte do país para transformar a realidade atual, exigindo “dar oportunidade ao povo para acabar com o poder dos bancos usurários”.

Pedro Castillo propôs fortalecer a produção nacional, impulsionar a agricultura, “dando capital aos produtores, um orçamento aos nossos irmãos agricultores”, capacitação técnica e banco de sementes em cada província, além de regular o preço dos fertilizantes.

O candidato convocou a todos os sindicatos do país para participar de seu governo, porque são eles que reúnem todos os trabalhadores, na tarefa de canalizar as mudanças de que o Peru precisa, para “ordenar o país”.

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