Uma manifestação se estendeu pelas ruas de Tóquio para exigir não apenas a saída do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, mas também sua prisão.
“Cadeia para Abe!” era a palavra de ordem preponderante nos brados e cartazes conduzidos no domingo (25).
As manifestações acontecem após a eclosão de um escândalo de corrupção envolvendo premiê e sua esposa, que favoreceu um aliado político com a venda de terrenos públicos a 15% do preço de mercado.
“Estamos protestando para derrotar o governo Abe com nossas vozes e a ira do povo”, afirmou um senhor de 69 anos, Fumiko Katsuragi, ao defender a renúncia de Abe. O primeiro-ministro se complicou depois que a informação sobre o caso de corrupção se alastrou pelo país após uma sessão no Parlamento, na qual Abe foi cobrado pela venda de terras públicas a uma escola privada ligada à primeira-dama. O lote foi vendido em 2016 por 15% de seu valor à rede de escolas privadas Moritomo Gakuen, da qual a primeira-dama era diretora honorária.
Abe tentou se safar colocando a culpa em seus assessores, o que ficou prejudicado pelo suicídio de um funcionário do Ministério das Finanças, encontrado morto no dia 7 de março. Junto ao corpo, um bilhete no qual o homem, que tinha cerca de 50 anos, afirmou que foi forçado a retirar o nome da primeira-dama, Akie Abe, de 14 documentos que a relacionavam ao lote vendido para a escola. As falsificações foram reconhecidas pelo Ministério das Finanças, que constatou a supressão do nome de Akie nos documentos.
Durante a marcha, os manifestantes também exigiram o fim da revisão constitucional prevista pelo governo para, permitir a militarização do país a pretexto do restabelecimento das Forças de Autodefesa do Japão, mudança que, aprovada, colocaria fim ao caráter pacifista da constituição do país.
“Nenhuma revisão constitucional ou guerra!”, exclamavam os japoneses ao se referir a propostas de modificação agora apoiadas pelos EUA, que após a revisão, poderão, entre outras locupletações, vender suas armas ao país.