Dezenas de milhares se manifestaram no sábado à noite em Tel Aviv com cartazes afirmando: “Fora governo do crime organizado!”
A manifestação foi convocada após a primeira leitura no Knesset (Congresso de Israel) de um projeto no sentido de blindar o primeiro-ministro que já é indiciado e investigados em quatro processos por corrupção.
A nova lei proibiria a polícia de revelar publicamente as suas recomendações no combate à corrupção governamental.
O general da reserva, Amiram Levin, falando no ato declarou: “Os membros covardes do governo e da coalizão que sustenta a Bibi não poderão dizer que não viram. Os que silenciam emprestam sua mão para a corrupção”.
Segundo o jornal israelense, Haaretz, durante o ato, críticos da lei denunciavam a intenção de “proteger Netanyahu e manter o público sem noção sobrea as investigações em torno dele”.
Uma das acusações cita Bibi Netanyahu, por ter aceito presentes que vão desde estadia em hotéis a charutos e Champanhe em troca de favores governamentais.
Entre os diversos casos, há o que envolve a compra de cinco submarinos alemães no valor de US$ 2 bilhões adquiridos à ThissenKrupp. Diversos elementos já estão presos. Um deles é Miki Ganor, que assim como o ex-assessor de Bibi Netanyahu, Ari Harow, está negociando sua colaboração premiada com o Estado. No que se divulgou até agora, o envolvimento do primeiro-ministro se dá pelo fato de ter como seu advogado a David Shimron, representante, em Israel, dos alemães que venderam os submarinos.
O que se denuncia no caso é que bastava que Netanyahu soubesse da posição de Shimron como agente dos alemães para que houvesse aí um conflito de interesses. Além disso, tanto Shimron quanto Netanyahu fizeram gestões e pressão para o cancelamento dos processos de licitação em curso que preteriam a Thyssen e reorientaram as negociações para que o pedido fosse entregue aos alemães. O então ministro da Defesa, Moshe Ya’alon se opôs. Foi logo afastado.
Há, ainda a denúncia vinda do procurador-geral, Yosef Shapira, de que Netanyahu omitiu informações sobre sua amizade pessoal com Shaul Elovitch, um dos principais acionistas da companhia Bezeq, no momento em que a procuradoria levantava questionamentos sobre ações ilícitas conectadas ao monopólio israelense de telecomunicações.
De fato, Netanyahu trabalhou, dentro do governo pelos interesses de Elovitch, através de outro relacionamento próximo, Shlomo Filber, líder do mesmo partido de Bibi, o Likud. Filber repassava informações sobre políticas para o setor, debatidas no ministério, a Elovitch e, por outro lado, atuava no sentido de que as orientações da Bezeq se tornassem política de Estado. A coisa chegou ao ponto do premiê demitir o diretor-geral do Ministério das Comunicações, Avi Berger, por telefone e nomear Filber para seu lugar. Algumas das propostas de Berger feriam interesses da Bezeq.