Manifestantes param estradas da Guatemala por 48 horas para garantir posse do presidente Arévalo

Marcha da legalidade da Guatemala respalda posse de Bernardo Arévalo (AFP)

As estradas guatemaltecas continuaram bloqueadas na manhã desta terça-feira (3) em protesto contra a trama do Ministério Público (MP) de sabotar o processo democrático no país.

Empunhando faixas e cartazes em favor do presidente eleito, Bernardo Arévalo, do partido Semilla (Semente), dezenas de milhares de pessoas ocuparam as rodovias e impediram o tráfego para exigir o respeito à legalidade e decisão soberana das urnas.

Grande maioria da população, os povos indígenas e camponeses reafirmaram que permanecerão parados pelo país até que seja plenamente respeitado o processo eleitoral e Arévalo suba à cadeira presidencial.

Aleisar Arana, autoridade indígena no Parlamento Xinca, afirmou que a partir da ação de uma inexpressiva minoria a Guatemala “está vivendo um golpe de Estado, um golpe na democracia e o Estado de direito que afeta comunidades em todo o país”.

Como um dos organizadores da paralisação, Arana esclareceu que a população continuará engajada e ativa até que seja dada uma resposta ao pedido de renúncia da golpista, a procuradora-geral Consuelo Porras. Ao mesmo tempo, esclareceu, é necessário que o Tribunal Constitucional resolva as petições “das suas ações abusivas”. “O Tribunal pode evitar tudo o que está passando e devolver-nos a paz, para que possamos esperar a posse das autoridades eleitas”, disse.

O líder indígena enfatizou que “a Guatemala sempre foi um Estado opressor para os povos indígenas, mas agora está se complicando, estão agravando a situação para que vivamos num Estado de insegurança, sem democracia”.

A situação tem se complicado ainda mais, explicou, quando no sábado (30) o Ministério Público, acompanhado por pelo menos 100 policiais, apreendeu milhares de atas contendo os resultados do primeiro turno das eleições em que 22 partidos políticos concorreram a mais de 4.000 cargos públicos.

A absurda apreensão das atas foi transmitida ao vivo pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sendo possível comprovar como policiais e membros do Ministério Público pressionaram e insultaram os magistrados que tentavam cumprir a lei e impedir a tomada dos autos. A Lei Eleitoral e dos Partidos Políticos, de caráter constitucional, confere apenas ao TSE a guarda do material eleitoral.

Arévalo, que já foi declarado vencedor das eleições e deve tomar posse em 14 de janeiro de 2024, denunciou que o procurador-geral está liderando um golpe de Estado para impedi-lo de assumir o cargo. A procuradoria nega as acusações.

Porras, da mesma forma que o promotor Rafael Curruchiche e o juiz Fredy Orellana – que acumula denúncias contra o processo eleitoral – foram sancionados por obstruírem o combate à corrupção, minar a democracia e emitir resoluções judiciais para fins políticos, estão se isolando cada vez mais nas entidades e institutos internacionais, que têm respaldado a Arévalo.

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