
Milhares de manifestantes tomaram a Avenida Paulista pelo quarto sábado consecutivo exigindo cessar-fogo imediato com o fim do massacre de palestinos na Faixa de Gaza. Uma faixa que tomou um quarteirão da Paulista foi aberta pelos manifestantes. O ato foi precedido por uma dramatização representando as mães palestinas que perderam seus bebês sob o bombardeio israelense pelo grupo de mulheres denominado “Salvem as Crianças Palestinas”.
“Estou aqui em solidariedade ao povo palestino”, afirmou o professor Francisco Livino Neto, diretor regional do Sindicato dos Profissionais em Educação do Ensino Municipal de São Paulo, presente à manifestação.
“O governo de Israel está à frente de um crime de lesa-humanidade, pois a dimensão do crime cometido contra o povo palestino torna-se uma afronta aos direitos de todos os povos. Em nome do nosso sindicato pedimos um ‘cessar-fogo já’ e que se inverta essa chacina por um caminho em favor da paz para os dois povos”, destacou Francisco.
O ex-deputado e ex-vereador, Jamil Murad, disse que “o mundo está se levantando contra o genocídio do povo palestino perpetrado pelo governo fascista de Israel em Gaza”. “Deixar uma população inteira sem água e alimentos enquanto a bombardeia é crime de guerra e ação de extermínio cometidos contra o povo palestino que tem direito a ser livre e ter seu Estado soberano”, acrescentou o dirigente do PCdoB.
Falando em nome do Cebrapaz (Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz), Francisco Freitas, que também representou a Facesp (Fereração das Associações Comunitárias do Estado de São Paulo, destacou que “estamos aqui para reafirmar nosso apoio e compromisso com a libertação do povo palestino”.
“Assim como defendemos a autodeterminação dos povos, queremos o imediato cessar-fogo para que Israel pare de matar crianças e mulheres palestinas aos milhares como vem ocorrendo desde o início do mês de outubro”.

O médico e estudioso da história da Palestina, Abdel Latif, enfatizou que “os que embarcaram nesta forma de extermínio contra os palestinos, perderam a condição humana”.
“Infelizmente, não são poucos os israelenses que se permitiram ter sua mente sequestrada por essa ideologia colonialista que agora se expressa neste morticínio indiscriminado com requintes de barbárie, a exemplo dos que passam com tanques por cima dos cadáveres de palestinos que acabaram de morrer sob suas bombas”.
Liege Rocha, que integra o Comitê de Direção da Federação Democrática Internacional de Mulheres (FDIM), informou que o recente encontro do Comitê, ocorrido em Madri e do qual participou, foi marcado pelo repúdio de lideranças femininas do mundo inteiro ao genocídio contra o povo palestino em Gaza.
O líder religioso do Centro Islâmico do bairro da Penha, sheik Rodrigo Jalloul, destacou sua presença solidária ao povo palestino, que “luta há mais de sete décadas contra a ocupação de seu território, contra o que estamos presenciando e que é mais uma etapa no plano israelense de extermínio de um povo, de sua cultura, de sua existência soberana. É lamentável que os Estados Unidos sigam apoiando, em armas e dinheiro, este extermínio, contra o qual estão se levantando os povos do mundo inteiro”.
O coletivo “Vozes Judaicas pela Libertação da Palestina” compareceu com um grupo de manifestantes que portavam uma faixa afirmando: “Chega de Genocídio do Povo Palestino”.
Falando em nome deste coletivo, Isadora Kzlos destacou: “A minha família nasceu em Estado fundado pela expulsão de um milhão de palestinos em 1948, mas hoje, lá em Israel, quem fala nesta catástrofe, a Nakba, é punido”. “Ocorre que se não falamos em Nakba, a resposta palestina de 7 outubro ocorreu por puro ódio aos judeus”, acrescentou Isadora.

“Se não falamos dos mecanismos coloniais promovidos pelo Estado de Israel, vamos acabar contando uma história muito diferente da realidade. Acontece que existem outras vozes do judaísmo que não se deixam representar pelo Estado de Israel e que precisam ser ouvidas”, prosseguiu.
“Queremos deixar claro que não aceitamos o massacre, o genocídio e o assalto colonial às terras palestinas”, disse ainda Isadora.
“Só que grande parte da propaganda sionista insiste em dizer que toda crítica a Israel é antissemita. Dessa forma usam a nossa cultura judaica como escudo para interditar a crítica, somos descendentes dos que vieram antes de nós e sofreram com a barbárie antissemita, no entanto, se tudo é antissemitismo, nada é antissemitismo”. “Chamar o Estado de Israel e denunciar os seus crimes coloniais não é antissemitismo”, concluiu a representante das Vozes Judaicas.
O secretário do Sindicato dos Escritores do Estado de São Paulo, Nathaniel Braia, prestou uma homenagem à poeta palestina Heba Abu Nada, que dias antes de morrer por uma bomba atirada por forças israelenses escrevera o poema que leu no ato: A noite é escura, exceto pelo brilho dos mísseis/ Silenciosa, exceto pelo som das bombas/ assustadora, exceto pela garantia das súplicas/ Negra, exceto pela luz dos mártires/ se morrermos, saibam que estamos firmes e digam ao mundo que somos pessoas justas, do lado da verdade.