A carta aberta assinada por banqueiros e empresários, entre ex-presidentes do Banco Central, do BNDES e do Ministério da Fazenda de vários governos, atingiu cerca de 1.700 assinaturas na quinta-feira (25). Intitulada “País Exige Respeito; a Vida Necessita da Ciência e do Bom Governo”. O texto foi divulgado no domingo (21) com 220 signatários e já assinaram 1.689 personalidades da elite financeira entre vários setores.
Entre os novos signatários, estão o ex-presidente do Itaú Unibanco Candido Bracher, atualmente no conselho do banco, o empresário Jorge Gerdau Johannpeter, o economista Roberto Giannetti da Fonseca e os ex-ministros do Supremo Tribunal Federal (STF ) Antonio Cezar Peluso e Eros Grau. Roberto Setubal e e Pedro Moreira Salles. do Itaú, também assinaram o documento.
Marcilio Marques Moreira, Pedro Malan, Mailson da Nóbrega, Rubem Ricupero, Afonso Celso Pastore, Arminio Fraga, Gustavo Loyola, Ilan Goldfajn e Pérsio Arida, Edmar Bacha e Eleazar de Carvalho estão entre os siganatários do documento que alerta que “a situação econômica e social é desoladora” e que “a vacinação em massa é condição sine qua non para a recuperação econômica e redução dos óbitos”. “A insuficiente oferta de vacinas no país não se deve ao seu elevado custo, nem à falta de recursos orçamentários, mas à falta de prioridade atribuída à vacinação”, afirma o texto.
“Enquanto caminhamos para atingir a marca tétrica de 3 mil mortes por dia e um total de mortes acumuladas de 300 mil ainda esse mês, o quadro fica ainda mais alarmante com o esgotamento dos recursos de saúde na grande maioria de estados, com insuficiente número de leitos de UTI, respiradores e profissionais de saúde. Essa situação tem levado a mortes de pacientes na espera pelo atendimento, contribuindo para uma maior letalidade da doença”, destacava no domingo. Poucas horas depois, nesta quarta-feira (24), o Brasil ultrapassava a triste marca de 300 mil vidas perdidas em consequência da Covid-19.
Os signatários alertam também para a crise econômica e afirmam que “a saída definitiva da crise requer a vacinação em massa da população”. Segundo o documento, “esta recessão, assim como suas consequências sociais nefastas, foi causada pela pandemia e não será superada enquanto a pandemia não for controlada por uma atuação competente do governo federal. Este subutiliza ou utiliza mal os recursos de que dispõe, inclusive por ignorar ou negligenciar a evidência científica no desenho das ações para lidar com a pandemia. Sabemos que a saída definitiva da crise requer a vacinação em massa da população”.
“Ademais, é necessário levar em consideração que o acréscimo de adesão ao distanciamento social entre os mais vulneráveis depende crucialmente do auxílio emergencial. Há sólida evidência de que programas de amparo socioeconômico durante a pandemia aumentaram o respeito às regras de isolamento social dos beneficiários. É, portanto, não só mais justo como mais eficiente focalizar a assistência nas populações de baixa renda, que são mais expostas nas suas atividades de trabalho e mais vulneráveis financeiramente”.
Eles alertam que “o quadro atual ainda poderá deteriorar-se muito se não houver esforços efetivos de coordenação nacional no apoio a governadores e prefeitos para limitação de mobilidade. Enquanto se busca encurtar os tempos e aumentar o número de doses de vacina disponíveis, é urgente o reforço de medidas de distanciamento social. Da mesma forma é essencial a introdução de incentivos e políticas públicas para uso de máscaras mais eficientes, em linha com os esforços observados na União Europeia e nos Estados Unidos”.
“O desdenho à ciência, o apelo a tratamentos sem evidência de eficácia, o estímulo à aglomeração, e o flerte com o movimento antivacina, caracterizou a liderança política maior no país. Essa postura reforça normas antissociais, dificulta a adesão da população a comportamentos responsáveis, amplia o número de infectados e de óbitos, aumenta custos que o país incorre”.
Os signatários do documento destacam o papel negacionista de Jair Bolsonaro frente à pandemia.
“Apesar do negacionismo de alguns poucos, praticamente todos os líderes da comunidade internacional tomaram a frente no combate ao Covid-19 desde março de 2020, quando a OMS declarou o caráter pandêmico da crise sanitária. Informando, notando a gravidade de uma crise sem precedentes em 100 anos, guiando a ação dos indivíduos e influenciado o comportamento social”.
“Líderes políticos, com acesso à mídia e às redes, recursos de Estado, e comandando atenção, fazem a diferença: para o bem e para o mal. O desdenho à ciência, o apelo a tratamentos sem evidência de eficácia, o estímulo à aglomeração, e o flerte com o movimento antivacina, caracterizou a liderança política maior no país. Essa postura reforça normas antissociais, dificulta a adesão da população a comportamentos responsáveis, amplia o número de infectados e de óbitos, aumenta custos que o país incorre”, consideraram.