Manifestação exige libertação do médico de Gaza, há um ano nas masmorras de Israel

Libertem o Dr. Abu Safiya, exigem palestinos de Gaza (Redes Sociais)

Abu Safiya, diretor do hospital Kamal Adwan, continua preso e há denúncias de que “ele definha em uma prisão israelense, sendo submetido a tratamento cruel e desumano”

Neste sábado, 27 de dezembro, aniversário do primeiro ano do sequestro do médico palestino Hussam Abu Safiya, diretor do hospital Kamal Adwan, no norte da Faixa de Gaza, familiares e organizações internacionais intensificaram a exigência por sua libertação imediata, bem como a de todos os profissionais de saúde presos ilegalmente pelo Estado sionista.

Conforme Yipeng Ge, membro da organização Médicos Contra o Genocídio, quase dois meses após o cessar-fogo, as tropas de extermínio israelense já assassinaram mais de duas mil crianças palestinas, elevando o número de mortos em Gaza para mais de 70 mil, com 1,6 milhão de palestinos sofrendo com a “crise de fome provocada” pela ocupação.

De acordo com a ativista Petra Schurenhofer, “há um ano que Israel sequestrou e deteve ilegalmente o doutor Hussam Abu Safiya”. Desde então, “ele definha em uma prisão israelense, sendo submetido a tratamento cruel e desumano”. “Não se esqueçam dele. E não parem de exigir sua libertação”, enfatizou.

Com 52 anos, o diretor do Hospital Kamal Adwan, foi detido enquanto as tropas de Netanyahu continuavam o cerco e os ataques que já duravam um ano contra as instalações em Beit Lahia, no norte de Gaza. As autointituladas Forças de “Defesa” de Israel (IDF) alegaram – sem qualquer provas – que o Kamal Adwan, o último grande hospital em funcionamento no norte de Gaza na época, era um “centro de comando do Hamas”.

Durante um ataque anterior ao mesmo hospital, o filho de 15 anos de Abu Safiya foi executado por um drone. O médico ficou gravemente ferido em outro ataque de drone, que deixou seis estilhaços em sua perna.

Após sua captura, Abu Safiya foi inicialmente encarcerado na notória prisão de Sde Teiman, no deserto do Negev, em Israel – onde dezenas de detentos morreram e contra a qual há inúmeros relatos de tortura, estupro, entre outros abusos. Além disso há denúncias de abusos na prisão de Ofer, na Cisjordânia, também ocupada ilegalmente.

Submetido a torturas por seus captores – incluindo espancamentos com cassetetes e choques elétricos – Abu Safyia sofreu perda de peso severa, teve costelas quebradas, além de sofrer com outros ferimentos, para os quais lhe foi negado atendimento médico adequado.

“MÉDICO ESTUPRADO E MORTO”

As autoridades israelenses negam essas acusações. No entanto, existem muitos relatos documentados e considerados críveis de profissionais de saúde e médicos sendo torturados pelas forças israelenses – às vezes fatalmente, como no caso do doutor Adnan al-Bursh, que chefiava o departamento de ortopedia do Hospital al-Shifa, na Cidade de Gaza.

Segundo Francesca Albanese, relatora especial das Nações Unidas para os territórios palestinos ocupados, al-Bursh “provavelmente foi estuprado até a morte”, um destino supostamente sofrido por vários palestinos presos por Israel.

Abu Safiya permanece sob custódia israelense, apesar de não ter sido acusado de nenhum crime. Os tribunais israelenses prorrogaram sua detenção diversas vezes com base nas chamadas disposições legais relativas a “combatentes ilegais”.

Segundo agências das Nações Unidas e outros especialistas, as forças israelenses destruíram ou danificaram quase todos os hospitais de Gaza e mataram mais de 1.500 profissionais de saúde palestinos foram mortos.

ONU: “ISRAEL COMETEU CRIMES DE GUERRA E CONTRA A HUMANIDADE”

Em 2024, uma comissão independente da ONU concluiu que “Israel perpetrou uma política concertada para destruir o sistema de saúde de Gaza como parte de um ataque mais amplo a Gaza, cometendo crimes de guerra e o crime contra a humanidade de extermínio com ataques implacáveis e deliberados contra pessoal e instalações médicas”.

Relatórios recentes da Anistia Internacional e visitas de advogados documentaram um estado de saúde preocupante, incluindo perda de peso significativa e graves problemas de pele, semanas de confinamento solitário, nutrição inadequada e falta de acesso a tratamento apropriado para complicações surgidas durante seu cativeiro.

Embora seu nome conste em listas para possíveis trocas de prisioneiros e negociações de cessar-fogo, os tribunais israelenses prorrogaram sua detenção em outubro passado sob a designação de “combatente ilegal”, para a qual também não apresentaram provas. Essa designação permite que indivíduos sejam mantidos sob custódia sem que acusações formais sejam apresentadas a um juiz.

Israel enfrenta atualmente um processo por genocídio movido pela África do Sul no Tribunal Internacional de Justiça. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, são procurados pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por terem cometido crimes contra a humanidade e crimes de guerra, incluindo assassinato e inanição forçada.

Albina Abu Safiya, esposa do médico preso, implorou na semana passada: “Salvem meu marido antes que seja tarde demais. Seu único ‘crime’ foi salvar os feridos e cuidar dos ferimentos das crianças.”

O Ministério da Saúde de Gaza, chefiado por Munir al-Bursh, lanlou um apelo à comunidade internacional e às organizações de direitos humanos. A principal reivindicação é que seja revelado o paradeiro exato do médico, que sua segurança física seja garantida e que o direito internacional – que protege os profissionais de saúde em tempos de conflito – seja respeitado.

Seu filho, Elias Abu Safiya, lembrou este aniversário como um “ano inteiro de injustiça”, reafirmando que o único crime de seu pai foi sua dedicação aos pacientes.

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