
A pernambucana Manuella Mirella foi eleita presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) com 74,27%, em Congresso da entidade encerrado no domingo (17). Representando a chapa vencedora, Manuella defendeu uma ampla frente contra o fascismo e convocou os estudantes a construir “uma grande caravana em defesa de uma reforma universitária que coloque no centro a defesa do desenvolvimento e da soberania nacional”.
Manuella Mirella teve o apoio dos grupos Bloco na Rua, Mutirão, Levante Popular da Juventude e juventudes dos partidos PT, PDT, PSB e Rede Sustentabilidade. A nova presidente afirmou que a entidade tem como função, no próximo período, “varrer do Brasil a extrema-direita, os fascistas e o bolsonarismo”. A chapa obteve, ao todo, 4.593 votos e elegeu 12 diretores.
Manuella, filha de empregada doméstica e de feirante, estuda engenharia ambiental na FMU. A estudante defendeu uma política de permanência estudantil, a renovação da lei de cotas e mais investimentos nas universidades públicas, e conclamou a unidade dos estudantes “para reconstruir o Brasil da esperança”. Mirella ainda ressaltou as ações do governo Lula que beneficiaram os estudantes e o desenvolvimento da ciência brasileira, como investimentos nas universidades e o reajuste das bolsas de pesquisa.

Bruna Brelaz, presidente da UNE na gestão que se encerra com esse congresso, defendeu continuidade da frente ampla que derrotou Bolsonaro nas eleições. “Alguns esqueceram qual foi o maior inimigo, que ainda segue mobilizado. Para nós, o maior inimigo é o fascismo. Ser radical é defender a frente ampla”, discursou, lembrando que foi essa frente “que deu esperanças de ter um prato de comida e de ter uma vida melhor”, afirmou. Para ela, os estudantes devem lutar para que a universidade seja um “instrumento de desenvolvimento nacional”.

Caio Guilherme, membro da chapa vitoriosa representando o movimento Mutirão e a Juventude Pátria Livre (JPL), apontou que a primeira tarefa da nova direção é “tirar Campos Neto do Banco Central”. Para o estudante da USP, no dia 11 de agosto, Dia do Estudante, a UNE deverá organizar uma manifestação pela redução da taxa básica de juros.
A chapa vencedora consolida a posição da entidade aprovada no dia anterior em relação às resoluções e diretrizes da entidade para os próximos dois anos, reforçando a campanha contra os juros altos do Banco Central, a defesa do investimento em educação pública e a defesa da democracia. “A política de juros altos insistentemente levada a cabo pelo Banco Central sob a liderança de Campos Neto inviabiliza o crescimento econômico, e a proposta de arcabouço fiscal impõe limites para o desenvolvimento que o Brasil precisa”, afirma o documento aprovado pelos estudantes.
A chapa formada pelos movimentos da Juventude Sem Medo, como Rua e Afronte, se uniram ao Quilombo, da juventude do PT, e defenderam apoio ao governo Lula, mas optaram por não se unir à majoritária. O grupo obteve 371 votos e elegeu um diretor.
Outra chapa, composta pelo Movimento por uma Universidade Popular (MUP), Correnteza, Juntos! e outros grupos menores, também divergiram do grupo majoritário em relação ao apoio à frente ampla em torno do governo Lula, defendendo uma reforma do estatuto da entidade. O grupo obteve 1005 votos.
A União Juventude e Liberdade (UJL), movimento de direita e liberal, se retirou do congresso no sábado (16) e não apresentou candidatura para a direção da UNE.