
“As taxas de juros mais altas freiam a procura por crédito para os investimentos na empresa, enquanto o mercado de trabalho já não demonstra perspectivas muito favoráveis”, afirma CNC
A perspectiva de manutenção dos juros básicos da economia em patamares elevados derrubou a confiança do comércio em abril. De acordo com o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC), pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o indicador que mede as expectativas de crescimento do setor registrou queda de 8,2% ante abril do ano passado.
A queda é resultado da preocupação do setor com as Condições Atuais da Economia: segundo a pesquisa, em comparação com o ano passado, o otimismo em relação a economia despencou 24,8%.
“Os avanços pontuais não têm sido suficientes para compensar as perdas acumuladas, principalmente entre os comerciantes de bens duráveis, mais sensíveis ao aumento dos juros. Eles têm enfrentado maiores dificuldades, o que se reflete na redução de investimentos e na postura conservadora quanto à expansão dos negócios. O momento reforça a importância de medidas que incentivem o consumo e reduzam as incertezas”, avalia o presidente da CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros.
O reflexo disso também aparece nos índices de intenção de investimento e projeção de contratação, ambos com queda de 2,4% ante abril do ano passado.
“O encarecimento do crédito e a perda de dinamismo do mercado de trabalho afetam diretamente a disposição do varejo em expandir”, explica o economista da CNC, João Marcelo Costa.
Os menos otimistas são os empresários do comércio de bens duráveis, como eletrônicos, móveis, eletrodomésticos e veículos. Este segmento apresentou a maior retração anual no índice de expectativa (-10,2%) e liderou a queda do sentimento sobre as condições atuais (-14,8%).
Até setores que seguram o consumo mesmo em tempos difíceis, como supermercados, farmácias e lojas de cosméticos, recuaram. Neste caso, houve queda de 7,2% no índice de expectativas e de 12,3% em relação ao otimismo sobre as condições atuais.
“As taxas de juros mais altas freiam a procura por crédito para os investimentos na empresa, enquanto o mercado de trabalho já não demonstra perspectivas muito favoráveis”, afirma a CNC na pesquisa, completando que esta visão é também compartilhada pelos consumidores. A Intenção de Consumo das Famílias, também divulgada mensalmente pela entidade, já deu sinais de queda em abril.