“Marçal falsificou assinatura de meu pai”, diz filha de médico. PF inicia investigação

Marçal falsificou assinatura de médico já falecido (fotomontagem HP)

Fraude contra Boulos montada por Pablo Marçal usou o nome de um médico que já está morto e que nunca trabalhou na cidade de São Paulo

A filha do médico José Roberto de Souza, que aparece no documento forjado por Pablo Marçal (PRTB) como o profissional que teria atendido Guilherme Boulos (PSOL), afirmou que falsificaram a assinatura do pai e que ele nunca trabalhou na capital paulista, especialmente na clínica “Mais Consultas”, no bairro Jabaquara, que consta no laudo.

A oftamologista Aline Garcia Souza contou que o pai atendia apenas em Campinas e cidades da região, entre elas Hortolândia, e sua especialidade era hematologia. Ele também nunca trabalhou na capital paulista, e nunca emitiria um laudo psiquiátrico por não ser sua área de atuação.

NUNCA ATUOU NESSA CLÍNICA

“Nunca atuou nessa clínica. Meu pai trabalhava e atuava em Campinas. Ele morou lá a vida inteira. Ele era formado pela Unicamp e desde então atuou lá. Não tinha clínica em São Paulo. Eu fiquei sem entender nada, fui pega de surpresa. Fui comunicada pela babá das crianças [filhos] que tinha Polícia Civil me procurando com investigadora para abordar essa questão de falsificação de documento com nome do meu pai”, afirma Aline.

Tatuagem na filha com o nome do ai gravado confirma crime de Marçal

O documento foi fabricado por Marçal e divulgada em vídeos nas redes sociais do próprio na noite de sexta-feira (4). Os advogados de Boulos entraram com uma representação pedindo a prisão dos falsificadores e que o conteúdo fosse retirado do ar. A Justiça Eleitoral determinou a remoção do conteúdo falsificado.

FALSIFICAÇÃO GROSSEIRA

Na data que aparece no documento publicado por Marçal, o médico José Roberto de Souza estava debilitado, não atendia mais pacientes e estava em Campinas, diz a filha. O pai dela morreu em abril de 2022 após lutar contra uma doença rara. Outro filho do médico disse à TV Globo que nesta época o pai ficou “completamente recluso”.

“Ele lutou uns três anos contra essa doença e ele tinha que ficar fazendo transfusão sanguínea. Vivia internado e no último ano [2022] estava muito debilitado, cansado. Ele estava com 82 anos e a doença prejudicou muito o meu pai. Em 2021, ele não estava atuando. Ele fazia tratamento em São Paulo ocasionalmente. Atender clinicamente em São Paulo nunca fez. Só Campinas e região. Nunca me falou de qualquer clínica daqui”, ressaltou Aline. Após a morte, Aline fez como tatuagem a assinatura do pai, que é diferente da que está no documento apresentado por Marçal.

Guilherme Boulos fez uma live logo depois que Marçal postou o suposto laudo. O candidato do PSOL informou que a postagem do concorrente é uma mentira e que pedirá à Justiça a prisão do adversário na corrida municipal, por falsificação de documento.

“O cidadão não tem limite. A um dia da eleição, ele inventa essa fake news. Agora, chegou num limite para ele. Estamos entrando com um pedido de prisão contra ele, na Justiça Criminal, afirmou Boulos.

Em nota, a campanha de Boulos disse que o suposto laudo publicado por Pablo Marçal é falso e criminoso e que “ele responderá e arcará com as consequências em todas as instâncias da Justiça – eleitoral, cível e criminal”.

CANDIDATOS CONDENAM “DELINQUÊNCIA” DO MARGINAL

O demais candidatos e dirigentes de partidos criticaram o crime de Marçal. José Aníbal, presidente do diretório municipal do PSDB e candidato a vice na chapa com Datena. “Pablo Marçal confirma, mais uma vez, que é um delinquente compulsivo e capaz de qualquer crime. O ataque a Boulos é gravíssimo. Feito com o propósito de tumultuar as eleições e fraudar a vontade do eleitor. É o momento certo para a justiça punir de forma exemplar esse inimigo das liberdades e da democracia.”

Criminoso disse não se arrepender (reprodução)

Tabata Amaral, candidata à Prefeitura de SP pelo PSB, também se pronunciou. “Foi um ataque contra um adversário, mas não cabe aqui conveniência eleitoral. Fui a primeira que teve a coragem e a dignidade de desmascarar Pablo Marçal sem fazer conta sobre ganho eleitoral. Esse homem é um perigo, representa o que há de pior não só na política, mas em toda a sociedade’, afirmou.

O candidato Ricardo Nunes (MDB) também comentou sobre o caso. “A Justiça precisa ser célere, analisar todas as provas e colocar um basta nesse jogo rasteiro da eleição para o comando da maior cidade do País”, disse.

POLÍCIA FEDERAL INICIA INVESTIGAÇÃO

Além das medidas tomadas pela Justiça Eleitoral, derrubando o perfil de Marçal, a Polícia Federal abriu inquérito para apurar o caso. Já neste sábado foi dado início às diligências para apurar o caso do laudo falso. Boulos já teria enviado à PF uma representação com a queixa a respeito da divulgação do suposto laudo. O documento foi anexado a um inquérito instaurado no último dia 17 de setembro.

Consultado, o marginal afirmou que não se arrepende de publicar documento falso contra Boulos:

“Eu recebi e publiquei”, afirmou durante agenda no início da tarde. O candidato não explicou a origem do documento tampouco como o recebeu. “Quem mentiu é quem tem que falar, eu só publiquei. A minha parte é publicar e eu não sei como que a Meta derrubou em poucos segundos.”

“Eu, Pablo, na minha rede social foi postado, eu não tenho nenhuma ligação com o laudo. Pode perguntar para o Tassio Renan, que é meu advogado, e checar com ele”.

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