Candidato do Psol garantiu que vai pedir prisão de Pablo depois da farsa montada na véspera da eleição. Advogados vão pedir também a cassação do criminoso. “Médico não existe e clínica usada é de apoiador do meliante”
Pablo Marçal, o goiano condenado e preso por integrar uma quadrilha de fraudes bancárias, e que atualmente disputa a prefeitura de São Paulo por um partido acusado de ligações com o PCC, cometeu mais um crime na véspera da eleição. Marçal divulgou em sua página no Instagram um laudo falso, assinado por um médico morto, “atestando” que o candidato Guilherme Boulos teria testado positivo para cocaína.
Boulos garantiu que vai pedir a prisão de Pablo Marçal depois da criminosa fraude montada na véspera da eleição para atingi-lo. Seus advogados vão pedir também a cassação do vigarista. O laudo é assinado pelo médico José Roberto de Souza e, segundo a jornalista Mônica Bérgamo, uma consulta ao Conselho Federal de Medicina (CFM) mostra que o médico já morreu. O RG de Boulos que aparece no prontuário também é incorreto, tem um número a mais.
Assim que Marçal fez a publicação, a equipe de Boulos desmascarou tudo. “O dono da clínica do documento que ele publica tem um vídeo com o Pablo Marçal, é apoiador dele”, diz Boulos. “O parceiro dele [de Marçal] falsificou o documento, usando o CRM de um médico que faleceu há dois anos, para que ninguém possa ser responsabilizado como médico. Ele usa o CRM de um médico que está inativo desde 2022, porque o médico faleceu. Olha o nível que o cidadão chegou, falsificação de documento”, segue o candidato.
De acordo com o receituário falso, Boulos, no dia 19 de janeiro de 2021, teria sido atendido na clínica médica “Mais Consulta”, no bairro do Jabaquara, na zona sul da capital paulista, com “quadro de surto psicótico grave, em delírio persecutório e ideias homicidas”.
É tudo falso. A clínica é de um apoiador de Marçal. O médico que assina não existe. Está morto há dois anos. Em 19 de janeiro de 2021, Boulos estava em outro lugar. Ele estava com o vereador Emerson Osasco, na Grande São Paulo. “Essa tarde pude encontrar o meu parceiro Guilherme Boulos para conversar sobre políticas públicas e mudanças efetivas para nossas cidades no campo progressista”, publicou Emerson.
No dia seguinte, 20 de janeiro de 2021, o candidato Guilherme Boulos estava na Comunidade do Vietnã, na zona sul, na campanha de solidariedade do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) durante a pandemia, informou sua campanha.
Em nota, Boulos reitera que “o documento publicado por Pablo Marçal é falso e criminoso e ele responderá e arcará com as consequências em todas as instâncias da Justiça – eleitoral, cível e criminal. Uma atitude inaceitável de quem prova não ter limites em sua capacidade de mentir”.
“Marçal mostra mais uma vez ser um criminoso recorrente, que usa de mentiras absurdas para atacar a honra e a reputação e tentar promover uma manipulação sem precedentes no processo eleitoral”, destaca Boulos.
“Não podemos normalizar esse tipo de método que já colocou em xeque a nossa democracia no passado recente e que, agora, ameaça a normalidade destas eleições. Marçal pagará pelos seus crimes”, conclui a nota divulgada pelo candidato.
O farsante já vinha sendo desmascarado durante a campanha por outras tentativas de inventar ataques falsos contra o candidato de Lula. Ele chegou a usar um homônimo de Guilherme Boulos para fabricar uma passagem pela polícia por porte de drogas. Na época ele foi desmentido e agora, voltou a produzir mais essa mentira pela qual, segundo Boulos, terá que pagar na Justiça.
Para completar a farsa, neste sábado (5), surge a notícia de que o dono da clínica usada na farsa de Marçal, foi preso por fraude milionária na Saúde. Luiz Teixeira da Silva e sua mulher, Liliane Barbosa da Silva, foram alvos da Polícia Federal, na Operação Pégaso, que ocorreu em São Paulo e Rio de Janeiro, em 2019 por fraude de R$ 20 milhões na Saúde.
O esquema de corrupção, segundo as investigações, envolveu as cidades de Barueri, Cajamar, Campo Limpo e São Roque, em São Paulo. Luiz Teixeira e Liliane estavam hospedados em um apart hotel de luxo em São José dos Campos quando foram presos. O casal chegou a ficar dois anos foragido da Justiça. Nas redes sociais, Luiz Teixeira se mostra amigo e admirador de Pablo Marçal.
O médico era diretor da Organização Social Federação Nacional das Entidades Sociais e Comunitárias (Fenaesc), que cuidava da administração da Saúde Pública de Cajamar. Os investigadores descobriram que recursos desviados da saúde pública dessas cidades foram investidos na compra da operadora de planos de saúde Medical Rio, em Niterói (RJ).
Para esconder os responsáveis pela transação financeira, o casal colocou a empresa em nome da empregada doméstica e do motorista da família. Luiz Teixeira da Silva também é dono da clínica Mais Consultas, a qual produziu o laudo que atesta suposto consumo de cocaína por Guilherme Boulos.