
Com a palavra de ordem de “Não aos Reis”, manifestantes se mobilizaram em 2.000 cidades pelos Estados Unidos em contraponto a Trump que ordenou que marchas militares pelos 250 anos de fundação do exército norte-americano também celebrassem o seu 79º aniversário
Centenas de milhares de norte-americanos marcharam neste sábado (14) em cidades como Los Angeles, Nova York e Filadélfia, com personalidades como Susan Sarandon, Mark Ruffalo, Tom Morello e Martin Luther King III liderando as manifestações contra as políticas implementadas pelo governo Donald Trump, particularmente as grandes batidas policiais contra os imigrantes e a violenta repressão aos protestos de Los Angeles.
As manifestações foram organizados para se contrapor e coincidir com um controverso desfile militar convocado por Trump em Washington para celebrar os 250 anos do Exército dos EUA e seu aniversário.

Os participantes no movimento chamado de ‘No Kings Day’, ou ‘Dia Sem Reis’, demonstraram sua oposição à militarização do Estado, com destaque em Los Angeles, onde Donald Trump enviou unilateralmente tropas da Guarda Nacional inclusive sem nenhuma coordenação com o governo estadual, mostrando o tratamento violento que o governo aplica a qualquer expressão de discordância com suas políticas.
LOS ANGELES FOI O CENTRO DA RESISTENCIA ÀS POLÍTICAS DE TRUMP
A mobilização na cidade do sul da Califórnia ganhou destaque com a participação do renomado guitarrista do Rage Against the Machine, Tom Morello, que, da caçamba de um caminhão cercado por ativistas indígenas, incentivou milhares de manifestantes que carregavam bandeiras e faixas perto da Prefeitura a continuarem sua luta.
“Quando os bilionários, oligarcas e racistas decidiram dominar este país, começando por Los Angeles, eles escolheram a cidade errada”, disse Morello à multidão. “Ninguém virá nos salvar. Somos nós que vamos nos salvar”, acrescentou o músico.
As tensões na cidade da Califórnia aumentaram quando o presidente Trump enviou a Guarda Nacional para Los Angeles e a decisão foi contestada pelo governador Gavin Newsom.
“A DEMOCRACIA ESTÁ COM VERDADEIROS PROBLEMAS”
Em Nova Iorque, a Quinta Avenida de Manhattan testemunhou uma grande concentração, com aproximadamente 25.000 pessoas marchando sob a chuva, de acordo com dados da polícia. Entre os manifestantes se destacaram a atriz e ativista Susan Sarandon e o ator Mark Ruffalo, que expressaram preocupação com o estado da democracia americana. “Estamos marchando porque a democracia está realmente em apuros”, disse Ruffalo à NBC News. “Não vamos embora, não vamos ficar em silêncio. Amamos tanto este país que saímos na chuva para expressar nosso amor pelas pessoas que fizeram este lugar”, acrescentou o ator da Marvel.

A manifestação ocorreu pacificamente, com os participantes carregando guarda-chuvas e cartazes de protesto enquanto se dirigiam ao Madison Square Park, onde mais tarde se dispersaram sem que houvesse incidentes relatados pelas autoridades.
FILADELFIA SE DESTACOU COM MENSAGEM DE UNIDADE NACIONAL
A cidade de Filadélfia concluiu seu dia de protestos com uma mensagem de esperança e unidade nacional. A manifestação, que começou no Love Park e terminou no Museu de Arte, manteve um clima festivo e tranquilo durante todo o dia.
Martin Luther King III, filho do lendário líder dos direitos civis, fez um discurso emotivo para os milhares de presentes. “Estamos aqui para dizer que esta terra pertence ao povo, não aos monarcas, não aos autocratas, não aos homens que se acham poderosos, mas ao povo”, declarou o ativista.

King III criticou a liderança de Trump, observando que “ainda acreditamos em uma nação sem reis, sem tiranos, sem governantes que se colocam acima da lei”. Sua família manteve uma postura crítica em relação às políticas do atual presidente, especialmente depois que a posse de Trump coincidiu com o Dia de Martin Luther King Jr, que é feriado nacional estadunidense em homenagem a Martin Luther King Jr, oficializado em 1983, sendo celebrado na terceira segunda-feira do mês de janeiro, data próxima ao aniversário do líder.
MENSAGEM DE RESISTÊNCIA NACIONAL
Ezra Levin, codiretor executivo do Grupo Indivisível, uma das organizações que coordenaram os protestos, qualificou o dia de “um movimento histórico pela liberdade e justiça para todos”.
“Marchamos pacificamente, juntos, com orgulho, para dizer que a liberdade significa algo e que ainda não terminamos de lutar pelo país que sabemos que é possível”, afirmou Levin desde a Filadélfia.
As manifestações no “Dia Sem Reis” representam uma das primeiras respostas organizadas da sociedade civil estadunidense às políticas implementadas pelo governo Trump, mostrando o crescente descontentamento popular com medidas autoritárias e batidas em massa de imigrantes nas últimas semanas.