Marchas em todo o mundo exigem fim ao genocídio perpetrado por Israel em Gaza

"Basta do genocídio financiado pelos EUA", diz cartaz em meio à multidão em Washington (Olivier Douliery/AFP)

Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino mobiliza centenas de cidades do planeta contra a “horrível carnificina” repudiada pela Unicef

Multidões tomaram as ruas das principais cidades de todo o mundo neste sábado (4) no Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino para exigir um basta ao morticínio praticado pelas forças de ocupação israelenses contra a população civil na Faixa de Gaza.

Entoando palavras de ordem como “Viva a luta do povo palestino”, e empunhando faixas e cartazes contra a segregação israelense, milhões de pessoas tomaram as ruas para exigir um imediato ao cessar-fogo. Até a data, o despejo de 18 mil toneladas de bomba (com a capacidade explosiva de duas vezes a da bomba lançada sobre Hiroshima), conforme a Al Jazeera, além de armas incendiárias de fósforo branco, segundo a Human Rights, condenadas pelas leis do direito internacional, já haviam causado a morte de 9.500 palestinos – mais de 3.600 crianças – e ferido mais de 27 mil, inúmeros deles com membros amputados. Sem falar nas pessoas que haviam realizado cirurgia sem anestesia.

Manifestação reuniu 60 mil em Paris (Sara Kontar-AFP)

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) descreveu os bombardeios israelenses como uma “horrível carnificina” e sublinhou que “meninos e meninas estariam entre as vítimas preferenciais”.

MAIS DE 100 MIL EM WASHINGTON

“O coração de Washington foi inundado durante horas por uma multidão que se estendia até onde a vista alcançava”, descreveu a própria imprensa estadunidense, esclarecendo que a “Marcha Nacional por uma Palestina Livre” reuniu mais de 100 mil pessoas, somando grupos pró-palestinos, organizações judaicas, com destaca participação de negros e hispanos.

“Agora é a hora de apoiar o povo sitiado da Palestina! Gaza está sendo bombardeada a cada hora. Ao seu povo é negada comida, água e eletricidade por Israel. É provável que mais dezenas de milhares de pessoas morram”, condenou a coalizão ‘Agir Agora para Acabar com a Guerra e com o Racismo’ (ANSWER), uma das entidades promotoras do ato.

De acordo com o New York Times, “os protestos se expandiram como uma onda de oposição” que atingiu não só Nova Iorque, Seattle e São Francisco, mas também em cidades menores como Orono, no Estado do Maine, além de grandes manifestações na Ásia e nas capitais europeias.

GRANDES MULTIDÕES PARTICIPAM DOS PROTESTOS EM LONDRES

“Em Londres, as imagens mostraram grandes multidões participando em protestos, bloqueando partes do centro da cidade antes de marcharem em direção a Trafalgar Square.

Manifestação lota Trafalgar Square em Londres (Justin Tallis/AFP)

Os manifestantes seguravam faixas com os dizeres ‘Liberdade para a Palestina’ e entoavam slogans como ‘cessar-fogo agora’ e ’Somos todos palestinos’”, descreveu o France 24. Apesar da pressão governamental e das ameaças da polícia contrária ao protesto, os ingleses não se intimidaram e, da mesma forma que nas demais capitais europeias e várias cidades, elevaram a voz contra a subserviência ao governo dos Estados Unidos, que apoia o massacre.

Centenas de milhares tomaram as ruas por todo o mundo. Acima reportagem do jornal inglês, The Guardian

60 MIL DIZEM “BASTA” EM PARIS

Na capital francesa, 60 mil manifestantes, segundo os organizadores, e 20 mil de acordo com a polícia convocada para reprimir o grande ato de Paris denunciou o “massacre de civis em Gaza” e exigiram “basta!”. Entre as reivindicações, a suspensão das relações diplomáticas com Israel.

Várias outras cidades francesas também mostraram força e disposição de combate, reunindo intelectuais e lideranças políticas como Jean-Luc Mélenchon, do partido “França Insubmissa” e Olivier Faure, líder do Partido Socialista (PS), que se pronunciaram pelo fim imediato do “terrível massacre”.

MAIS DE 30 MIL EM CARACAS

Na capital venezuelana, mais de 30 mil se mobilizaram desde as proximidades do  Parque General Francisco de Miranda até o grande muro de Petares para exigir um basta ao derramamento de sangue provocada por Israel.

“Tal como no passado foi instaurado o julgamento de Nuremberg para punir os nazistas pelos seus crimes de guerra, espero que no futuro seja instaurado um julgamento de Nuremberg contra os israelenses que querem exterminar um povo”, declarou o prefeito do município Sucre, José Vicente Rangel Ávalos. “Estão buscando fazer o mesmo que fizeram com eles no passado, agora contra o povo palestino”, acrescentou.

POLÍCIA ADMITE MILHARES EM BERLIM E DUSSELDORF

Apesar da violenta repressão, que contou com o acompanhamento de mais de mil policiais apenas em Berlim, os atos na Alemanha disseram não à barbárie perpetrada em Gaza. Atos pró-Palestina reuniram 8.500 manifestantes em Berlim e 17 mil em  Düsseldorf, conforme a polícia e as agências de notícias oficiais, que relativizaram prisões e apreensões de cartazes que comparavam o nazismo com o governo de Israel. Anunciando abertamente a proibição de atos que representassem “perigos para a segurança e para a ordem pública”, o clima continua sendo de extrema tensão e perseguição contra toda e qualquer solidariedade aos palestinos.

BUENOS AIRES DENUNCIA “SUBORDINAÇÃO AO IMPERIALISMO”

Em Buenos Aires, a grandiosa manifestação contou com a participação de personalidades como o ganhador do Prêmio Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel e da ativista Nora Cortiñas, das Mães da Praça de Maio, e da representante da Federação das Entidades Árabes, Támara Lalli. que se somaram ao grito de “fim ao genocídio”.

“É inconcebível que Israel seja autorizado a levar adiante uma ação de bombardeio indiscriminado contra a população civil em Gaza, à vista e à paciência da Europa civilizada, dos Estados Unidos e das potências ocidentais”, denunciou o manifesto das entidades.

O texto assinala que a Argentina “soube fazer justiça contra os responsáveis ​​da ditadura, civil-militar” e que 40 anos de “lutas e reconhecimentos internacionais em nível de direitos humanos nos endossam como voz autorizada para dizer basta já”.

As entidades alertam ainda que a forma mais cruel de intimidar um povo, com o objetivo de conquistar a maior quantidade de território possível, é deixar o menor número de habitantes originários. “Tudo isso ocorre com a cumplicidade de uma comunidade internacional que criou o problema, mas é incapaz de resolvê-lo devido à subordinação incondicional às políticas do imperialismo”.

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