Pesquisas eleitorais não são oráculos (aliás, dizem que os oráculos, nos quais se adivinhava o futuro na antiga Grécia, eram círculos de vigaristas sob propina).
Mesmo assim, é possível – às vezes – concluir algo sobre determinado momento da campanha eleitoral pelos dados de tal ou qual pesquisa, ainda que não sejam, necessariamente, os mesmos dados que os institutos de pesquisa valorizam.
Na última pesquisa eleitoral do Ibope sobre a eleição em São Paulo, que registra o crescimento de Márcio França (o candidato do PSB passou de 12% para 14%), é visível o estancamento de João Dória (PSDB) e Paulo Skaf (PMDB).
É, aliás, interessante comparar a primeira pesquisa do Ibope, divulgada em 20/08, para as eleições ao governo de São Paulo, com a última, a quinta, que saiu na quarta-feira:
Na comparação geral entre as cinco pesquisas do Ibope, a evolução é, para todos os efeitos práticos, a mesma que é evidenciada no quadro acima:
O que freia o crescimento de Doria e de Skaf (e também do candidato do PT) é a sua alta rejeição por uma parte do eleitorado.
Na pesquisa do Ibope, o eleitor pesquisado pode escolher mais de um candidato em quem não votaria de jeito nenhum.
Mesmo assim, apenas 10% apontaram Márcio França como o candidato em quem não votariam; comparado aos 20% de Marinho, aos 18% de Skaf e ao campeão da rejeição em São Paulo, João Doria (29%), a parcela do eleitorado que rejeita França como candidato possível é pequena (e cadente, pois essa taxa de rejeição, que permaneceu em 11% nas pesquisas anteriores, caiu na última, ao mesmo tempo que a preferência aumentava).
Doria, por exemplo, é três vezes mais rejeitado que Márcio França; Skaf tem uma rejeição quase duas vezes maior.
Resta dizer que esta pesquisa foi fechada antes do último debate, na terça-feira (as entrevistas foram realizadas entre o domingo, 30/09, e a terça, 02/10 – cf. o comunicado do Ibope).
No debate, Doria deu outra vez demonstrações explícitas de falta de caráter – ou mau caráter, o que é a mesma coisa – ao se apresentar como um bolsonarista, e que se dane o candidato de seu partido, a quem deve toda a sua carreira política, Geraldo Alckmin.
C.L.
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