No debate da Record, na sexta-feira à tarde, o candidato João Doria, que concorre usando a sigla do PSDB, iniciou sua primeira intervenção falando nas “considerações finais”.
Eram as considerações iniciais.
O ato falho é relevante: Doria estava desejando que o debate já houvesse acabado, quando ele ainda não se iniciara.
Era uma consequência do debate do dia anterior, onde, como dissemos, apanhara mais que boi ladrão (v. Márcio França vence debate na Band).
A primeira pergunta, dirigida a ele pelo candidato Márcio França, do PSB, foi: “você [quando era prefeito] cortou o programa do leite em São Paulo. Se você puder falar sobre isso eu gostaria de ouvir”.
Doria respondeu que não cortou o programa do leite para as crianças de São Paulo, apenas “regularizou”.
Márcio lembrou o vídeo no qual Doria diz que “as pessoas pobres devem dar graças a Deus se puderem comer”.
Sobre o programa “Bom Prato” – restaurantes que fornecem comida ao preço de R$ 1 – que França propôs ampliar, Doria o incensou como grande inovação do PSDB (na verdade, do governador que ele traiu, Geraldo Alckmin, que não o está apoiando).
O comentário de Márcio França foi: “a Dª Maria me falou, a Dª Maria Silva me falou: ‘olha, não deixem o João, pelo amor de Deus, falar em colocar farinata lá no Bom Prato’”.
Nessa hora, a claque de Doria – um grupo de desordeiros que o candidato introduziu na plateia do debate – aprontou uma barulhada, advertida pelo apresentador.
Doria, quando prefeito de São Paulo, tentou misturar um composto de alimentos, com data prestes a vencer, na merenda escolar das escolas municipais.
Essa lavagem era conhecida como “farinata”. Diante do escândalo, inclusive das ações do Ministério Público, Doria recuou de seu anunciado intento (v. Dória quer colocar ração na merenda das crianças e MP abre investigação sobre ração que Dória quer dar aos pobres).
No debate, Doria colocou a culpa da “farinata” na falecida – durante o terremoto no Haiti – doutora Zilda Arns e em seu irmão, o cardeal Dom Paulo Evaristo Arns…
PARTIDO
Por essa amostra o leitor poderá ter uma ideia de como foi o debate da Record.
Doria, provavelmente devido ao debate do dia anterior, parecia algo dolorido. No entanto, isso não mudou o seu caráter – ou a falta dele.
Doria não é um elemento que tenha limites – pelo menos, não os limites sociais que quase todos nós, voluntariamente, achamos adequados e necessários à vida com um mínimo de civilização.
O único limite de Doria é o medo – de perder dinheiro ou de ir para a cadeia. Embora, sua noção de perigo – isto é, de quando deveria sentir medo – é altamente problemática.
Márcio França está com a razão ao dizer, no debate da Record: “não que você não tenha partido. Você tem um partido, o JD, o João Doria”.
Em Doria, realmente, por trás da máscara de botox, predomina um rancor característico à sociedade e a qualquer empreendimento coletivo – incluídos os partidos.
Sobre isso, São Paulo e o país devem a Márcio França, nesses dois debates já acontecidos na campanha do segundo turno, ter evidenciado esse elemento antissocial. Por exemplo, na sexta-feira, a pergunta feita a Doria:
“Cadê os seus amigos, de dois anos, de três anos, de cinco anos?
“Todos viraram seus adversários, todos.
“Agora foi o Alckmin.
“Cadê os seus amigos do PSDB?
“Nenhum deles quer fazer campanha para você, todo mundo fugindo, os prefeitos fugindo de você, até o Bolsonaro fugiu de você.”
Doria não tentou responder a isso.
Em relação à ojeriza de Doria ao que é público – isto é, precisamente, ao que é social e coletivo:
“O João detesta as coisas públicas, ele odeia as coisas públicas.
“Só tem uma coisa: na hora do patrocínio, aí, é bom ser público, dinheiro público.
“Tem uma revista dele chamada ‘Caviar’. Só daqui do governo de São Paulo, ele tirou 500 mil reais de patrocínio. Numa revista, 500 mil reais.
“João, vou passar minha vida inteira, não vou ganhar o dinheiro que você ganhou em um dia, e a sorte é sua,
“Você só não pode pegar o que é do povo.
“Pegue o que é seu, se vira com o privado.
“Não pode mexer com o que é do povo.
“Senão, como disse o Geraldo Alckmin, o teu problema é confundir o que é público e o que é privado e aí misturar as bolas.”
Isso é exatamente o que Doria sempre fez – tentar capturar dinheiro público para negócios que nem chegam a ser negócios: são arapucas.
Um exemplo são as suas “revistas”. Alguém já ouviu falar nelas, exceto por sugar dinheiro público através de patrocínios? Ninguém as lê – e, aliás, ninguém as distribui. São apenas uma farsa para roubar dinheiro público.
MADE IN
Quando escrevemos acima que o Brasil e São Paulo devem a Márcio França ter exposto a essência antissocial de Doria, estamos nos referindo à sua calma durante os dois debates já acontecidos.
A maioria de nós, provavelmente, colocado na situação em que estava Márcio França, tendo que ouvir alguém jogando lama sobre si, sem nenhum respeito, teria partido para o chamado desforço físico.
Porém, Márcio França se manteve sereno – o que, com certeza, não foi nada fácil.
Mas apontou, sobre Doria:
“É tanta mentira que depois ele acredita. Por isso foi condenado, várias vezes condenado e acabou de ser condenado de novo, hoje: a Polícia Federal foi ao comitê do João Doria, por caixa 2, por propaganda irregular, propaganda sem CNPJ.
“Tudo do jeitinho ‘made in Doria‘, esse jeito que é meio escamoteado, um negócio esquisito”.
E, diretamente para Doria:
“Se você ficar mentindo desse jeito, a população te rejeita.”
É verdade.
Doria não respondeu sobre a batida da PF em seu comitê.
DINHEIRO
As arengas anti-petistas de Doria – que tentou plagiar o discurso de Bolsonaro – foi desmoralizada (não há outro termo) por Márcio França, tal como no debate anterior.
Doria, no governo Lula, pegou R$ 44 milhões no BNDES, para comprar um jatinho. Sua ficção pseudo-empresarial, a Lide, pegou mais R$ 6 milhões, também do governo do PT.
Mas é interessante percorrer a sequência do debate:
Quando Márcio França, após explicitar seu programa para as pessoas com necessidades especiais, declarou que não iria “extinguir nenhum serviço público, não vou tirar salário nem aposentadoria de servidor público”, Doria repetiu o que seu adversário dissera – embora daquele jeito distorcido, que mistura palavras como “meritocracia” e “privilégios”, exatamente porque não é verdade que ele pretenda “prestigiar” os servidores públicos, tal como não o fez quando prefeito de São Paulo.
Em seguida, Doria falou que iria nomear a senadora eleita Mara Gabrilli, para uma secretaria responsável pelos deficientes.
Ao que Márcio França respondeu:
“Sinceramente, só basta você falar a verdade.
“Do jeito que você falou aqui da Mara Gabrilli, dá a impressão até que ela está fervorosa na sua campanha…
“Ao contrário, o senador major Olímpio veio publicamente e falou: ‘eu voto no Márcio França porque eu não confio no João Doria’. O major Olímpio, do PSL do Bolsonaro, representante do Bolsonaro aqui em São Paulo. Ele disse: ‘olha, não voto no João Doria porque ele não é de confiança; eu quero tirar, sumir com o PSDB aqui de São Paulo, eu quero que venha o novo’”.
Márcio França ironizou:
“O major Olímpio parece ser de esquerda… [para Doria:] você acha que ele é de esquerda? O major Olímpio é de esquerda?
“O major Olímpio sabe o que é verdade e o que não é verdade, sabe quem fala de verdade as coisas e quem não fala.
“Ele está colocando a posição dele como senador eleito aqui de São Paulo.
“Você devia ter respeito por ele.”
POBRES
Doria mostrou, inclusive, despreparo em questões palmares.
Ao acusar Márcio França de terminar com um suposto programa “Emprega Rápida”, do governo Alckmin, recebeu a resposta:
“O João decora tanto os nomes que às vezes se confunde. Chamou de ‘emprega rápida’. O nome do programa é ‘Via Rápida’, João” – e mostrou que o programa foi mantido, apenas se tornou parte de outro, mais amplo.
“Quando eu vejo você falando”, disse Márcio França, “aqui do centro de São Paulo, que está tudo arrumado, que não tem mais ninguém nas ruas, eu digo: ele vive no mundo de Bob, é um mundo diferente.
“Se você entrar aqui, no centro de São Paulo, o que tem de gente esparramada é uma indignidade. É impressionante. Caiu um prédio com as pessoas dentro, aqui no centro de São Paulo.”
Doria respondeu que o problema da pobreza era do Brasil… E tentou uma revanche, falando da suposta “sujeira” em creches da cidade em que Márcio França foi prefeito, São Vicente.
Recebeu uma resposta que foi um dos momentos altos do debate. Disse Márcio França:
“Você tem um jeito arrogante de falar. As pessoas que são pobres não são sujas”.
Como Doria dissesse que não falou isso, Márcio França reafirmou: “não, você falou” e citou o que o adversário dissera: “as coisas pobres, sujas”.
“Eu fui prefeito há 20 anos atrás. Sabe quantos por cento dos votos eu tive lá [em São Vicente] agora? Quase 70%. Você foi prefeito há um ano. Quanto você teve aqui? Você teve 20% dos votos.
“As pessoas de São Paulo te rejeitam por causa desse seu jeito. Chamar pessoas pobres de sujas…
“As coisas humildes, não quer dizer que são sujas. Podem ser sujas no seu padrão, que está acostumado com luxo, com riqueza, com avião – com avião comprado com dinheiro do PT, com o dinheiro do BNDES, com o dinheiro que os trabalhadores pagam de Fundo de Garantia; em vez de construir casas, de construir creches, de ajudar na Rede Lucy Montoro, você comprou um avião, um avião por 44 milhões de reais. É inacreditável”.
Doria encetou um discurso sobre como o BNDES financia a Embraer e que pensa no Brasil – de onde se pode concluir que ele pegou R$ 44 milhões para comprar um avião para incentivar o crescimento da Embraer e o progresso do país…
“Você diz que pensa no Brasil”, respondeu Márcio França. “Eu só queria que você devolvesse os 44 milhões do povo brasileiro com que você comprou esse avião. Esse dinheiro é do Fundo de Garantia.
“Eu soube que na tua empresa você não paga Fundo de Garantia e você também não paga 13º.
“É que você usa PJ [Pessoa Jurídica], é aquela disfarçada.
“Mas acontece o seguinte: o dinheiro do Fundo de Garantia é dos trabalhadores, podia servir para comprar casa, para fazer hospital.
“Mas para comprar um avião! Um avião!
“Se você é tão rico, tem 180 milhões, 200 milhões, tem casa em Trancoso, tem casa em Campos do Jordão, tem casa em Boraceia, tem casa em Nova Iorque, tem casa em tudo que é lugar, não dá para comprar o avião com seu dinheiro?
“Eu tenho dito o seguinte: se você acha tão ruim esse negócio do governo do Lula, por que você foi pegar dinheiro exatamente do PT?
“Por que você ajudou a financiar a campanha do PT, a do José Eduardo Cardozo, a da Manoela, que é a vice do Haddad?
“Você financiou, ajudou financeiramente eles.”
E acrescentou:
“Ao mesmo tempo, uma coisa super-estranha. Por que preside a sua empresa um ministro do Lula?”
Doria tentou defender que os ministros de Lula que colocara em sua empresa (são dois) eram contra Lula e o PT.
“Sempre uma arrogância, um jeito assim, ‘eu mando, eu sou o riquinho, eu decido, a bola é minha, ou joga do jeito que eu quero, ou não joga’”, disse Márcio França.
“Já te falei, você pode fazer isso com muita gente, mas não faz com o povo de São Paulo. São Paulo é diferente, São Paulo é independente, você não vai se aproveitar do povo de São Paulo.
“Eu estava esperando você falar o nome do programa do Tietê, Andorinhas do Tietê, Corujão da Saúde, todos os nomes que você inventa e depois nem você sabe para que serve.
“Eu não vou ficar como você, olhando as coisas pelos aviões financiados pelo povo brasileiro.”
C.L.
Abaixo, o vídeo com a íntegra do debate:
Debate do 2º Turno da TV Record
Acompanhe AO VIVO minha participação no Debate do 2º Turno para o Governo de São Paulo da TV Record#MárcioFrança40 #oNovoGovernador40 #AquiTemPalavra40COLIGAÇÃO SÃO PAULO CONFIA E AVANÇA: PSB/PSC/PPS/PTB/PV/PR/PODE/PMB/PHS/PPL/PRP/PATRI/PROS/SOLIDARIEDADE/AVANTE – CNPJ 31.212.259/0001-20
Posted by Márcio França on Friday, October 19, 2018
sujeito asqueroso,falso,preconceituoso,traíra.não merece um voto sequer do cidadão que o elegeu para prefeito de São Paulo e viu seu voto jogado no esgoto por alguém ambicioso,um alpinista político sem escrúpulos. fora Dória!!