“Um novo governo deve ser alcançado pelo povo venezuelano mobilizado”, afirma Marea socialista, organização que considera Maduro traidor da revolução chavista e rechaça o intervencionismo externo via Grupo de Lima e EUA
Diante do reempossamento de Nicolás Maduro para mais seis anos de desastre e crise na Venezuela na quinta-feira (10) e da sofreguidão do novo presidente da Assembleia Nacional para atender aos reclamos do regime Trump de intervenção no país, também carimbados pelo Grupo de Lima e pela União Europeia, a “Marea Socialista” (MS), organização que apoiou a revolução chavista e tem rechaçado o entreguismo, arrocho e corrupção vigentes, conclamou o povo venezuelano à resistência: “nem autoritarismo governamental, nem intervencionismo pró-imperialista”.
Para os oposicionistas venezuelanos, o país está “diante de um enfrentamento de dois Poderes do Estado pelo controle do país”, ambos envolvidos em “graves violações da Constituição” e que propugnam “impor-se um sobre o outro, e sobre o povo”.
Conforme a “Marea”, por um lado a maioria da Assembleia Nacional, que responde “aos interesses do grande capital e à direita tradicional”, e que vem sendo um “dócil instrumento para o domínio dos EUA sobre o país, pretende desalojar da presidência a Nicolás Maduro com um golpe parlamentar e uma possível manobra intervencionista desde o estrangeiro, articulada com o governo de Trump e o chamado ‘Grupo de Lima’”.
Por outra parte, assinala a organização, “o Poder Executivo (e outros poderes associados, como a Assembleia Nacional Constituinte e a Suprema Corte), cujo presidente é Maduro depois de eleições muito questionáveis, se dispõe a iniciar um novo período de seis anos”. Trata-se de “uma casta burocrática corrompida”, que tem destruído e desmoralizado a revolução venezuelana, implantando “um modelo econômico rentista predatório da soberania nacional“ e impondo um pacote que descarrega “sobre a classe trabalhadora e os setores populares o peso da crise”.
“Marea Socialista rechaça contundentemente e se oporá ativamente à operação intervencionista posta em marcha pela Assembleia Nacional, o Grupo de Lima e o Estados Unidos; porém também rechaçamos o tipo de governo e de domínio que Maduro quer perpetuar contra o povo, traindo o que foi a revolução”, afirma a declaração.
Continuando, o texto assinala que, assim como “rechaçamos as tentativas golpistas e intervencionistas, pensamos, como o povo diz nas ruas, que este governo precisa acabar porque está governando contra as necessidades, os interesses comuns e a dignidade da imensa maioria do povo” e, consequentemente, precisa ser substituído por outro que “obedeça ao povo, de cuja soberania, e não contra ela, devem emanar os órgãos do Estado, atualmente descompostos”.
Porém – ressalta o documento – “esse novo governo não pode ser imposto como bem quer a velha direita desde a Assembleia Nacional e os governos estrangeiros, mas precisa ser produto do povo organizado e mobilizado”.
22 PAÍSES NA POSSE
Sete chefes de Estado e de governo e dois vice-presidentes foram a Caracas e 13 outros países enviaram representantes de nível ministerial ou abaixo. Portanto, 22 países estiveram representados.
Presidentes, vices e primeiros-ministros: Miguel Díaz-Canel, presidente de Cuba, Evo Morales, da Bolívia; Salvador Sanchez Ceren, de El Salvador; Daniel Ortega da Nicarágua; os presidentes da Abkhasia e da Ossétia do Sul, o primeiro-ministro de San Cristobal y Nieves; o vice-presidente Fuat Otkay, da Turquia e o vice do Suriname.
A China enviou o ministro da Agricultura, Han Changfu; a Rússia enviou um representante. Também participaram, representantes do Irã, Palestina, África do Sul, Belarus, Argélia, Egito, Iraque, Síria, Coreia do Norte, Laos e Vietnã.
A presença de uma representação da União Africana, por exemplo, não significa que os seus 55 países membros estavam presentes. Se esse critério fosse verdadeiro, por que não afirmar que os 193 países que fazem parte da ONU estiveram com representantes na posse, já que alguém estava lá em nome das Nações Unidas ?
Na véspera, reunião extraordinária da OEA não reconheceu o mandato de Maduro, por 19 a 6, com 8 abstenções e uma ausência, o que já fora feito pelo Grupo de Lima, com exceção do México. Os EUA, que aplicam sanções contra a Venezuela desde o governo Obama, agora com Trump falam abertamente em intervenção armada, aventura para a qual vêm buscando cúmplices. O governo paraguaio anunciou o rompimento de relações com Caracas, em ato voltado para enfatizar o isolamento impulsionado pelo secretário de Estado, Mike Pompeo.