A organização venezuelana Marea Socialista emitiu, no domingo uma declaração em que avalia a jornada do dia 23 de fevereiro e a tentativa de introduzir uma suposta “ajuda humanitária”, à margem das convenções e regras internacionais, como uma “cortina de fumaça” para encobrir o que poderia ser um estopim para uma operação intervencionista no país.
Segundo a avaliação da Marea, a operação “foi um fracasso”. O movimento esclarece também que o rechaço ao “intervencionismo e às ações da direita tradicional não nos faz deixar de enfrentar o autoritarismo e as políticas antipopulares de Nicolás Maduro”.
Precisamente por distanciar-se dos dois extremos da polarização, a direção de Marea, insiste em que “é necessário apelar para uma consulta popular constitucional para que seja o povo quem decida a solução do conflito gerado pelo confronto de um governo paralelo como instrumento dos EUA, com um governo nefasto que do qual o povo venezuelano está farto que é o madurista”.
Para a MS, “a relegitimação de todos os poderes em eleições gerais deve-se resultar de um Referendo Consultivo, como uma alternativa democrática para superar esta situação que nos coloca entre a espada e a parede, entre a guerra e a fome”. Assim se expressaram Zuleika Matamoros, Gustavo Martínez e Gonzalo Gómez, membros da equipe nacional que dirige essa corrente política.
“Em meio a esta situação, levantamos a bandeira do Referendo Consultivo, por uma parte, como uma alternativa democrática para buscar, com a participação do povo soberano, uma possível solução do conflito atual na Venezuela, que possa evitar a intervenção e a guerra. Por outra parte, propomos o Referendo como uma maneira de diferenciar-nos das duas cúpulas que hoje se disputam o poder às custas do sofrimento dos trabalhadores e do povo. Igualmente, buscamos abrir outro caminho, com o reagrupamento de lutadores, personalidades, grupos e correntes políticas da esquerda e do ‘chavismo crítico’, assim como de setores do centro político, que não estão nem com Maduro e nem com Guaidó, com a finalidade de estimular o surgimento de uma terceira força, de caráter autônomo, que escape aos condicionamentos da polarização entre a administração madurista e os setores capitalistas que se refletem na direita tradicional com o respaldo imperialista”, afirma o documento.
Sobre o objetivo desse novo caminho, a Marea assinala que “se trata de dar-nos a oportunidade de discutir o país, sua economia, o uso de seus recursos e o modelo produtivo, em um processo democrático dos trabalhadores e o povo. É tratar de resgatar um verdadeiro processo constituinte, que permita recuperar o protagonismo político da classe trabalhadora e dos setores oprimidos”.