“A Margem Equatorial também vem para manter a sustentabilidade à soberania energética do Brasil”, afirmou o professor da UFMA e ex-presidnete da ANP em seminário no BNDES
“A Margem Equatorial brasileira é a maior oportunidade para gente que é do norte nordeste em 500 anos”, afirmou o professor titular da UFMA e ex-presidente da ANP, Allan Kardec Duailibe, em seminário realizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Petrobrás.
O especialista destacou a importância do Brasil explorar a Margem Equatorial, além da necessidade de usar essa fonte de riqueza para combater a fome e a desigualdade no país. O seminário foi realizado na semana passada.
A Margem Equatorial brasileira também “com a chegada do BNDES, com a chegada da Petrobrás, significa preservação ambiental ao contrário do que dizem”.
“E, outro fato, é que o pré-sal do Brasil está acabando, está se esgotando. A Margem Equatorial também vem para manter a sustentabilidade à soberania energética do Brasil”, argumentou Kardec, que também é presidente da Gasmar (Companhia Maranhense de Gás).
Em um texto publicado no dia de hoje (21), no site imirante.com, Allan Kardec ressaltou alguns pontos que foram apresentados no seminário, como por exemplo, a nossa tentativa de entender como será a necessidade de energia nos próximos anos.
Segundo o especialista, “a evolução da matriz energética do planeta sempre foi lenta e ascendente e, em poucos casos, se estabilizou, tal como no caso da lenha. Ou seja, estatisticamente não houve absolutamente nenhuma queda, diminuição ou extermínio de nenhuma fonte energética nos últimos 200 anos, desde a Revolução Industrial. Os eventos esporádicos foram a crise da década de 1970 e a pandemia do Covid”.
“Nesses últimos dois séculos, houve duas guerras mundiais, revoluções na Rússia e na China, revoltas em todos os continentes, criação de novos países e outros que mudaram de nome. Nesse ínterim, a curva se manteve impávida – e é bom lembrar que o gráfico acima é mero reflexo das ações e caminhos que a Humanidade escolheu nos últimos dois séculos. Não pondero as razões, apenas mostro os números”, pontuou Kardec Duailibe.
Com base em nossas experiências e pesquisas realizadas nas últimas décadas, o professor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) afirmou que “não nos parece que o cenário caminhe para a substituição pura e simples de fontes. Falo isso porque muitos especialistas e políticos, além de ativistas, defendem a ideia de que o planeta vai mudar a partir de suas ações políticas para fontes renováveis. Essas fontes ainda se encontram, hoje, no planeta, em níveis residuais ainda que em curvas ascendentes, com nenhuma dominante e há propostas de novas outras, pelo que se observa em jornais especializados e leigos”, observou.
Em outro gráfico, Allan Kardec mostra como as emissões de gases de efeito estufa se comportaram no período analisado.
Com base no que demonstra o gráfico a seguir, em que o pesquisador chamou de “aceleração das emissões”, Kardec afirma que o “Brasil claramente está diminuindo as emissões no tempo”.
“Os dados indicam que o mundo caminha para a diversificação de sua matriz energética, ou seja, para onde o Brasil está – o país mais avançado do planeta em diversificação de sua matriz energética, com quase metade de suas fontes sendo renováveis. No entanto, os dados também indicam que as fontes dominantes no planeta nas próximas décadas serão petróleo, gás natural e carvão”, apontou Kardec.
“Adicionalmente, o mundo trabalha pela queda – e tem tido sucesso em algumas regiões – para a diminuição da emissão dos gases de efeito estufa. O Brasil, nesse aspecto, é exemplo: aumentou a produção de petróleo enquanto diminuiu as emissões”, sustentou.
“Por outro lado”, destaca Kardec, “patinamos extraordinariamente no combate à desigualdade. A fome continua a ser um aspecto que a Humanidade talvez queira se ater – pelo mesmo motivo que quer diminuir as consequências dos gases de efeito estufa: sobrevivência do ser humano! Os pobres – muitos deles – continuam na Idade da Pedra, sem acesso ao que a Revolução Industrial trouxe para uma grande parte da Humanidade: energia!”, concluiu.
A Margem Equatorial brasileira – uma faixa que se estende do litoral do Amapá até o Rio Grande do Norte, com grande potencial para exploração e produção de petróleo e gás – tem sido foco de debate na sociedade brasileira após o Ibama negar o pedido de licenciamento ambiental para a Petrobrás, que busca realizar estudos de pesquisa de exploração de petróleo em um dos blocos situados na bacia do Amapá Águas Profundas, também chamada por Foz do Amazonas, região que recebeu prioridade pela estatal por ser mais próximo da Guiana, que já explora petróleo no seu lado da Margem Equatorial.
Veja a seguir a apresentação do professor Allan Kardec no seminário “Caminhos para Transição Energética Justa no Brasil”, organizado pelo BNDES e Petrobrás, no último dia 11 de outubro.