Jungmann oferece PF para assumir investigação da morte da vereadora
Os assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes completaram 150 dias, no último sábado e ainda estão sem solução. Esse prazo já supera em o dobro de tempo levado até o indiciamento dos culpados na morte da juíza Patricia Accioli (assassinada em uma emboscada armada por milicianos), em 2011, e na morte do pedreiro Amarildo de Souza (levado por policiais na Rocinha), em 2013.
A demora nas investigações do caso Marielle preocupa especialistas em segurança pública. “Esperava um prazo mais curto. Quanto mais o tempo passar, mais difícil será resolver o caso”, declarou o sociólogo Ignácio Cano, coordenador do Laboratório de Análise da Violência (LAV), da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).
Marielle e Anderson foram mortos na noite de 14 de março, após uma perseguição de dois outros veículos, no bairro do Estácio, zona norte do Rio.
O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, sugeriu, neste domingo (12), em entrevistas à imprensa que a Polícia Federal poderia assumir a investigação, mas de acordo com ele, do ponto de vista legal, a Polícia Federal não pode assumir o caso sem que seja solicitado. Jungmann disse que o pedido para a entrada da PF nas investigações pode ser feito pelo interventor, pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro à Procuradora Geral da República, Rachel Dogde, ou pela Secretaria estadual de Segurança.
Ele também voltou a dizer que a complexidade do caso se deve ao fato do crime ter envolvido crime organizado e agentes do Estado. “Esse assassinato da Marielle envolve agentes do Estado. Envolve, inclusive, setores ligados, seja a órgãos de controle do Estado, seja a órgãos, inclusive, de representação política”, disse o ministro.
O deputado Marcelo Freixo (PSOL) cobrou que a Divisão de Homicídios investigue a possível participação de deputados do PMDB envolvidos na Lava Jato.
Até o momento a principal linha de investigação da Divisão de Homicídios ainda é baseada no depoimento de uma única testemunha, ouvida em maio. Essa testemunha apontou o vereador Marcello Siciliano, do PHS, e o miliciano e ex-PM Orlando Oliveira de Araújo, conhecido como Orlando Curicica, como mandantes do assassinato de Marielle Franco.