A ex-ministra Marina Silva (Rede) afirmou que a “miragem das economias voltadas exclusivamente para o mercado financeiro” levou ao levante popular no Chile.
“Que os enganos do presidente chileno sirvam de lição àqueles que ainda acreditam na miragem das economias voltadas exclusivamente para o mercado financeiro, que promovem a austeridade fiscal e deixam o povo se virar por conta própria”, escreveu Marina em seu Twitter.
Marina foi candidata a presidente da República nas eleições de 2018.
Por mais de 10 dias o Chile foi tomado por manifestações em várias cidades. Os protestos começaram na capital Santiago numa campanha dos estudantes do ensino médio pela gratuidade e contra as altas tarifas do metrô.
Mas os chilenos, sufocados pelo arrocho salarial e as aposentadorias miseráveis, foram às ruas cada vez mais em maior número e rapidamente se alastraram e se ampliaram os atos contra o governo. O clímax das manifestações aconteceu no domingo (27), quando mais de 1 milhão foi às ruas da capital contra as medidas repressivas do governo Sebastian Piñera e por melhores condições de vida.
O modelo chileno é sempre elogiado por Bolsonaro e pelo seu ministro da Economia, Paulo Guedes. Já em fevereiro, Guedes disse que o Chile se tornou a “Suíça da América Latina”.
Para Guedes, o modelo falido de capitalização de aposentadoria chilena – imposto na década de 1980 durante a ditadura sanguinária de Pinochet – é o que o Brasil deveria seguir. O Congresso rejeitou o projeto de Guedes de capitalização, mas o governo pretende insistir na proposta.
Mais de 2 milhões de aposentados sob o sistema imposto pela ditadura de Pinochet recebem em média 880 reais mensais (160 mil pesos), e gastam quase um terço só em remédios; a metade dos trabalhadores chilenos recebe em média 1.930 reais (350 mil pesos) de salário mensal, com alugueis, transporte e custo de vida acima de qualquer possibilidade de, com esses recursos, ter uma vida minimamente digna.
Por isso, as reivindicações que foram colocadas pelos manifestantes são abrangentes: pensões dignas, reduzir o preço dos medicamentos, aliviar o endividamento dos chilenos, salários decentes, custo de vida controlado, transporte público melhor e outras.
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