A candidata da Rede à presidência da República, Marina Silva, criticou em Fortaleza a declaração de Fernando Henrique Cardoso (PDSB) ao jornal “O Globo”, segundo a qual faltaria “malignidade” a Marina para ganhar as eleições.
Ela retrucou: “Foi o excesso de malignidade que levou o Brasil pro fundo do poço, com 13 milhões de desempregados, com a corrupção endêmica e sistêmica que desviou bilhões da Petrobrás, fundos de pensão, da Caixa, Banco do Brasil, BNDES”. Para Marina, “chegou a hora de dar lugar pra benignidade na gestão pública, ter relações benignas entre dinheiro público e gestão pública, entre iniciativa privada e Estado”.
Ela declarou ainda que manter o nome de Lula nas pesquisas de intenção de voto “fragiliza muito o processo de decisão dos eleitores”. Condenado em segunda instância e preso desde abril, ele terá o registro de sua candidatura à presidência indeferido pela Justiça Eleitoral com base na Lei da Ficha Limpa.
“A lei deve ser observada por todos. Ninguém está acima da lei numa democracia e não se pode ter dois pesos e duas medidas. Estamos em um processo eleitoral, faltando poucos dias para a finalização desse processo, e ainda temos uma situação que fragiliza muito a decisão dos eleitores”, afirmou na terça-feira (21), durante visita a Recife (PE).
Marina também criticou a lei eleitoral, aprovada por partidos investigados na Operação Lava Jato, dizendo que “eles (incluindo o PT) fizeram de tudo para impedir a sociedade de cumprir com seu objetivo de mudar”, ficando com praticamente todo o dinheiro do fundo eleitoral e do tempo de propaganda no rádio e na TV.
“É o momento de dar chance para a mudança, para que o cidadão derrote as velhas estruturas do poder econômico e do abuso do poder político, e eu estou sentindo esse movimento na sociedade brasileira”, afirmou.
Sobre o comunicado do Comitê de Direitos Humanos da ONU sobre a candidatura de Lula, Marina declarou que o órgão desconhece a realidade brasileira. Segundo a candidata, a Justiça está atuando de acordo com o ordenamento jurídico e respeitando a Constituição Federal no caso do petista.
“Nosso país vive um processo difícil e traumático e uma boa parte do mundo não sabe o que está acontecendo aqui com os graves problemas de corrupção, o que a Lava Jato revelou e está punindo em parte. Isso é apenas uma recomendação e a Justiça brasileira tem cumprido com tudo aquilo que é necessário numa democracia com o respeito ao mais amplo direito de defesa”, disse.