
Ministra do Meio Ambiente disse que se sentiu “terrivelmente agredida” pelos deputados. “E eu prefiro sofrer injustiças do que praticá-las, porque, quando você pratica uma injustiça, pode ter certeza de que um dia a reparação virá”, declarou
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, participou, nesta quarta-feira (2), na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados de audiência pública. E mais uma vez foi agredida, insultada e provocada.
Ao ser questionada sobre o aumento dos focos de incêndio no País no ano passado e da alta de 91% no número de desmatamentos na Amazônia, só em maio, Marina foi ofendida por deputados bolsonaristas.
Durante as discussões, o deputado federal bolsonarista Evair Vieira de Melo (PP-ES) declarou que a ministra atua somente “para a militância” e ainda a acusou, violentamente, de ser “dona da verdade”.
A ministra atribuiu o aumento das queimadas no Brasil a incêndios criminosos e à seca extrema. A audiência foi marcada por clima tenso, e a ministra considerou que foi alvo de várias grosserias e que foi “terrivelmente desrespeitada” por deputados.
“NUNCA TRABALHOU, NUNCA PRODUZIU”
“A senhora tem dificuldades com o agronegócio porque nunca trabalhou, nunca produziu, não sabe o que é prosperidade construída pelo trabalho”, provocou e ofendeu o bolsonarista.
Na sequência, Marina manteve o tom sereno e chegou a citar a última situação que viveu no Senado.
“Hoje de manhã fiz uma longa oração e pedi a Deus para me dar calma, porque sabia, que, depois do que aconteceu no Senado, as pessoas achariam normal o que está acontecendo aqui — em um nível piorado. Mas acho que Deus me ouviu, porque estou em paz”, afirmou.
Porém, o deputado voltou a atacar a ministra, que chegou a ser chamada de “mal-educada” e que era uma “vergonha” na atuação à frente da pasta de Meio Ambiente.
A ministra, por sua vez, disse que se sentiu “terrivelmente agredida” e que nas falas dos deputados na comissão houve muito machismo e racismo.
RESPOSTA DE MARINA
“Eu estou em paz, porque tem uma palavra que eu repito sempre que eu aprendi com o apóstolo Paulo, que diz o seguinte: ‘É preferível sofrer injustiça do que praticar uma injustiça’”, disse.
“E eu prefiro sofrer injustiças do que praticá-las, porque, quando você pratica uma injustiça, pode ter certeza de que um dia a reparação virá. Quando você é injustiçado, a justiça virá”, completou.
Os deputados Túlio Gadêlha (Rede-PE), Talíria Petrone (PSol-RJ), João Daniel (PT-SE) e Juliana Cardoso (PT-SP), entre outros, defenderam a ministra e prestaram solidariedade a ela.
AUDIÊNCIA NO SENADO
No fim de maio, Marina também participou de audiência pública no Senado Federal, quando foi atacada pelo senador Marcos Rogério (PL-RO), que presidia a reunião.
O senador, em tom provocativo e desrespeitoso, disparou: “Se (sic) ponha no seu lugar.” O clima hostil continuou, e a ministra preferiu deixar a reunião antes do encerramento.
Na ocasião, o senador Plínio Valério (PSDB-AM) declarou que a ministra “não merecia respeito”, ao que ela refutou: “O senhor gostaria que eu fosse uma mulher submissa, eu não sou”.