A ex-prefeita e atual secretária de Relações Internacionais da cidade de São Paulo, Marta Suplicy, defendeu no programa Manhattan Connection, da TV Cultura, na quarta-feira (7), a construção de uma frente ampla para derrotar Bolsonaro nas eleições de 2022.
Ao ser questionada pelo apresentador Diogo Mainardi sobre quem pode se candidatar à Presidência da República nas próximas eleições, Marta Suplicy disse que é necessária a construção de uma frente ampla no próximo ano e não apenas focar em um nome.
“Eu trabalho há bastante tempo para a construção de uma frente. Essa frente ampla não é ideológica, com um pensamento PT contra PSDB. Nós estamos tratando de morte contra a vida. Essa frente ampla tem que se conversar, nós não podemos ficar brigando entre si, ou excluir o outro por conta de erros no passado. Se falarmos disso, não conseguimos pensar de um plano para reconstruir o Brasil”, afirmou Marta.
A ex-prefeita apontou ainda que o país será entregue aos “frangalhos” em 2023 e atentou sobre o tempo que Bolsonaro ainda tem de mandato. “Ele ainda tem um ano e meio no poder. Ele não muda e é incapaz de nos livrar da pandemia”, disse.
Marta ressaltou que há muitas pessoas bem intencionadas no Brasil, mas será preciso “abaixar as armas” e buscar um melhor caminho para derrotar Bolsonaro.
Vacina
À frente da Secretaria de Relações Internacionais da Prefeitura de São Paulo, Marta foi indicada pelo prefeito Bruno Covas para coordenar a articulação Internacional do Consórcio de prefeituras brasileiras para aquisição de vacinas, o “Conectar”. O grupo surgiu com o objetivo de acelerar a compra de vacinas para a população diante da sabotagem do governo Bolsonaro ao combate da pandemia e a imunização dos brasileiros.
Segundo Marta, o Brasil está numa situação diferente “porque o presidente negacionista não quis comprar vacina”.
“Eu diria que a não compreensão que nós temos ainda do vírus é muito acentuada, nós não sabemos. E agora chegam as variantes, que nós também não sabemos. Eu acredito que é um momento de transição para alguma coisa, mas é um momento do desconhecido, e isso que provoca também muita angústia nas pessoas, e nos brasileiros angústia dupla: A angústia de não saber exatamente que variante, como é que vão funcionar as próximas vacinas, se vamos ter ou se não vamos ter. E o presidente negacionista que tem esse papelão político”, disse.
Durante a entrevista, Marta apontou para a necessidade de negociar vacinas que possam ser produzidas no Brasil e citou ainda que as vacinas produzidas em Cuba podem se tornar uma alternativa para a população brasileira.
“Nós fizemos agora o primeiro contato com Cuba. Cuba desenvolveu várias vacinas, estão testando uma delas agora que está mais avançada e parece que está indo muito bem. Ela tem condição brevemente, não está pronta ainda, mas nós podemos comprar e entrar na fila logo, não é? Para podermos receber essa vacina, eles vendem também os insumos que a Coronavac está com dificuldade de mandar para a gente, que a Índia está com dificuldade de receber da Inglaterra”, disse Marta sobre a atuação do Consórcio.
“Bolsonaro é um psicopata”
Questionada sobre a postura de Bolsonaro, Marta o considerou um “psicopata”.
O tema foi levantado no programa quando o apresentador Lucas Mendes que resgatou a afirmação do senador Tasso Jereissatti sobre Bolsonaro de que o presidente tinha problemas psicológicos.
Na avaliação da psicóloga, Bolsonaro “é psicopata. E isso é muito sério. A psicopatia é uma doença que é impenetrável a tratamento. Em 2019, logo comecei a atentar que ele era doente, não era uma pessoa normal. Mas a gravidade e dimensão não estavam tão claras”, explicou.
“É uma pessoa psicologicamente comprometida”, definiu.
Marta então detalhou como o comportamento dele evidencia o diagnóstico. “Ele tem todos os indícios de um psicopata. Por exemplo, empatia. Ele não tem nenhuma empatia, ele não sofre com o sofrimento alheio, não entende o sofrimento alheio”.
“É um homem extremamente vaidoso, que só pensa nele e não agüenta o contraditório, não tolera quem discorda. Ele elimina essas pessoas da sua vida, do seu governo, de onde for. É compulsivo, fala qualquer coisa que vem à cabeça porque não tem controle nenhum, nem se preocupa com as consequências. Ele não sente culpa, não deixa de dormir por conta da culpa. Ele não tem nenhum remorso.
“Tem uma crueldade muito grande, eu diria até maligno. Ele tem satisfação com a dor alheia. Isso o nutre, dá segurança para ele. E quanto mais ele fica inseguro, mais ele humilha, mais ele fala bobagem”, asseverou.
“As tragédias pessoais dos poderosos se tornam muito perigosas quando se transformam em políticas de Estado”, alertou Marta.
Veja a entrevista: