
“A mamata é a seguinte. Ele compra carro que custa R$ 45 mil, direto na montadora. Com a isenção ele sai por R$ 31 mil”, explica Ciro. “Depois de alugar, ele vende por R$ 35 a R$ 37 mil”
O “empresário” Salim Mattar, o picareta do ramo de locação de automóveis, dono da Localiza, é um dos escroques que Bolsonaro escolheu “para vender o Brasil”. Ele se diz empresário, mas é um fazedor de rolo que finge locar veículos, mas, na verdade, os vende com isenção de impostos.
“Seu empreendimento” é roubar dinheiro público em benefício de sua própria empresa.
O ex-governador Ciro Gomes (PDT) explica porque Bolsonaro o credenciou para se juntar ao seu bando e o de Guedes para vender o Brasil. “Sabem o que eu descobri”, disse o ex-governador a estudantes no sul do país, “este senhor não paga impostos”. “É um sonegador”, denunciou Ciro.
Durante a Conferência Nacional de Educação, realizada no auditório do curso de Economia da UFRGS em Porto Alegre, no último dia 19, Ciro Gomes afirmou que Salim Mattar, dono da Localiza, empresa de aluguel de veículos e também Secretário de Desestatização e Privatização de Bolsonaro, “não ganha dinheiro principalmente alugando carros”.
“A mamata é a seguinte. Ele compra carro que custa R$ 45 mil, direto na montadora. Com a isenção ele sai por R$31 mil”, explica Ciro. Depois de alugar, ele vende por R$ 35 a R$ 37 mil.
“Um escandaloso roubo aos cofres públicos”, denunciou o ex-governador. Segundo Ciro, “o empresário Mattar, após comprar o veículo sem pagar o IPI e o ICMS, aluga para motoristas de aplicativos que o utilizam por determinado tempo, depois ele vende o mesmo carro por R$ 35 mil e até R$ 37 mil”. Ou seja, o picareta ganha um fortuna com isenções milionárias na compra e venda de carros.
É um “Fabrício Queiroz” só que com CNPJ.
Para quem não conhece, Fabrício Queiroz é assessor de Flávio Bolsonaro, filho do presidente, e foi acusado de movimentar ilegalmente R$ 7 milhões entre 2014 e 2017 no gabinete do então deputado estadual do Rio. Ele disse à época, em entrevista à TV Record, que ganhava esse dinheiro “fazendo rolo com compra e venda de automóveis”. Igualzinho ao Mattar.
Como se pode ver, Salim Mattar não passa de um “Queiroz de luxo”.
Ciro denunciou que a maior parte das receitas da Localiza, empresa de Mattar, não vem daquilo que ele deveria fazer, que é a locação de automóveis. Vem da venda irregular de carros subsidiados com dinheiro público. Segundo o ex-governador, “60% das receitas da Localiza vêm dessa compra com isenção e da venda a preço de mercado, feita após uma locação para Uber”.
Ele passa um tempo alugando os carros para motoristas de aplicativos para burlar a legislação que proíbe a venda de veículos – adquiridos no programa especial de aquisição diretamente na fábrica com descontos – antes de completar um ano após a compra.
Ciro informou que os cofres públicos são sangrados anualmente em cerca de R$ 5 bilhões com isenções generosas às locadoras de automóveis. Ele lembrou, a título de comparação, que, enquanto esse dinheiro vai para o bolso de gente como Salim Mattar, “foram bloqueados das Universidades somente em 2019 cerca de R$ 8 bilhões”.
Somente por ser um dos financiadores da campanha suja de Bolsonaro, ele foi colocado à frente da Secretaria de Privatização do governo. Mattar chegou a dizer, em reunião da Câmara de Comércio Brasil Estados Unidos, que gostaria de vender até o Palácio do Planalto.
Bolsonaro, como se pode ver, escolheu a dedo os escroques para, segundo ele, “vender todo o patrimônio do Brasil”. Sob a chefia do fraudador dos fundos de pensão, o chicago-boy Paulo Guedes, o mais emblemático representante desse tipo de gente, os negocistas pretendem se desfazer, como eles mesmos dizem, “de tudo que pertence ao Brasil e ao povo”.
O funcionário de Guedes quer torrar todo o patrimônio do país o mais rapidamente possível. Foi colocado no cargo com a função específica de sabotar as empresas públicas brasileiras e depois vendê-las aos estrangeiros a preço de banana e em trocas de suborno. Esse modelo de negócios é conhecido como “troca com troco”, como dizem os vendedores de carros.
Na verdade não se pode nem dizer que sujeitos como Salim Mattar representam algum setor do empresariado nacional. São gatunos e negocistas de quinta categoria, sonegadores de impostos, colocados nos cargos exclusivamente para montarem as negociatas milionárias e embolsarem a bufunfa.
Sérgio Reze, presidente da associação dos distribuidores de veículos, a Fenabrave, confirma as maracutaias do “secretário de privatização” de Bolsonaro. Ele diz que elas estão causando prejuízo não só ao erário, mas prejudicando também as concessionárias de automóveis.
“O setor sentiu o golpe do aumento das vendas às locadoras, que atualmente compram diretamente dos fabricantes quase um terço dos automóveis emplacados no País, com descontos – possíveis pelas isenções – que passam de 30%, e depois colocam esses carros à venda por preços mais baixos, mas maiores do que eles pagaram pelo veículo”.
“Elas compram com grandes descontos, que chegam a 35%, e as montadoras que vendem, recolhem impostos comerciais como IPI e ICMS sobre o valor da nota fiscal mais baixo, com o desconto”, denunciou o diretor da Fenabrave.
Depois, em menos de três meses, as locadoras colocam esses carros à venda com preços imbatíveis e mesmo assim ganham dinheiro, pois não pagam impostos. Como são consideradas prestadoras de serviço, não recolhem ICMS, só o imposto de renda sobre a diferença entre o preço de compra e o de venda”, revela. “Tem muito carro de locadora sendo vendido sem nunca ter sido alugado”, acrescentou Reze.
Os recursos públicos são também desviados para as locadoras, como a de Mattar, pela redução do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA). As locadoras pagam quatro vezes menos do que o consumidor comum, para quem a alíquota é de 4% (para as locadoras é de 1%).
Esse é o grande e “eficaz” negócio privado que credenciou gente como Salim Mattar para ser o secretário de privatizações do governo Bolsonaro. Um espertalhão que ganha uma grana preta às custas dos cofres públicos.
É esse tipo de ladrão que tem a coragem de encher a boca para falar que as empresas públicas “são ineficientes”. Que o Estado tem que se ausentar da economia e outras baboseiras. Certamente privatistas como estes querem o Estado longe para poder roubar mais ainda o patrimônio público.
São larápios em plena atividade e, exatamente por isso, agradam a Guedes e Bolsonaro. Enquanto o governo confisca as verbas da Educação, da Ciência e Tecnologia, da Saúde, etc, o seu secretário de privatização está mamando freneticamente do outro lado. Ele está pendurado nos R$ 5 bilhões de isenção de impostos que são dados gentilmente aos donos das locadoras.
Isso é o que eles chamam de “eficiência privada”. É a exímia capacidade desses bandidos roubarem as verbas e o patrimônio públicos.
De acordo com dados da Fenabrave divulgados no início de outubro, as vendas diretas de Fiat, Volkswagen, General Motors e Ford de automóveis e comerciais leves neste ano para frotistas (locadoras) foram de 449.265 unidades. Já as vendas das montadoras para concessionárias foram de 201.077. Um negócio da China.
“O fisco deixa de arrecadar com as locadoras e o consumidor não tem as mesmas garantias que as concessionarias dão a ele”, argumenta Sergio Reze, da Fenabrave. Segundo ele, e rentabilidade das locadoras está em cerca de 30%.
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) afirmou que a entidade não têm envolvimento com o escândalo.
“Este é um assunto de fundo comercial, é algo que as marcas têm que discutir com sua rede de concessionárias, não é um aspecto do setor (automobilístico)”, afirma o diretor de relações institucionais da Anfavea, Ademar Cantero.
Como se vê, até os pares empresariais percebem que a “equipe” de Bolsonaro e Guedes nada mais é do que uma quadrilha de gângsters, a começar pelos dois.
SÉRGIO CRUZ
Assista ao vídeo com a palestra de Ciro Gomes