Mensagem interceptada pela PF mostra conversa entre Cid e Wajngarten durante operação de recompra do Rolex vendido nos EUA
O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, admitiu, em conversa com o ex-secretário de Comunicação Fábio Wajngarten, interceptada pela Polícia Federal, que se sentia arrastado por Bolsonaro para a lama. A troca de mensagens se deu na mesma época em que o relógio Rolex cravejado de diamantes estava sendo recomprado às pressas depois que o escândalo da venda de joias veio a público.
As informações são da colunista do UOL, Juliana Dal Piva. Nos autos da investigação é descrito que “no dia 02/04/2023, Mauro Cid e Frederick Wassef se encontraram na cidade de São Paulo, momento em que a posse do relógio que havia sido vendido passou para Mauro Cid , que retornou para Brasília/DF na mesma data, entregando o bem para Osmar Crivelatti, assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro”, afirma o documento.
No dia 4 de abril, ou seja, apenas dois dias após a devolução do relógio, Wajngarten enviou um texto do jornalista Ricardo Noblat, no portal Metrópoles, que tinha o título “Bolsonaro arrasta com ele para a lama seus mais fiéis servidores”. O oficial é citado no texto junto a outros ex-auxiliares do núcleo mais próximo de Bolsonaro. Ao ler a mensagem, Cid responde: “Não deixa de ser verdade”.
O Rolex tinha sido vendido para a empresa Precision Watches e recuperado em 14 de março deste ano pelo advogado de Bolsonaro. Frederick Wassef retornou com o relógio ao Brasil em 29 de março. Em 2 de abril, o relógio foi entregue a Cid. É nesta ocasião que ele admite se sentir arrastado para a lama por Bolsonaro. Para os investigadores, o esquema de venda das joias tinha como objetivo o “enriquecimento ilícito do ex-presidente Jair Bolsonaro”.