“Vamos trabalhar para ele vir primeiro ou imediatamente após o ex-ministro da Justiça Anderson Torres”, afirmou a senadora Eliziane Gama, relatora da CPMI
A descoberta pela Polícia Federal dos planos golpistas de Bolsonaro gravados no celular de Mauro Cid agitaram a “CPMI do Golpe”. A relatora da CPMI do 8 de janeiro, Eliziane Gama (PSB-MA), afirmou à CNN, nesta quinta-feira (8), que o tenente-coronel Mauro Cid deve ser um dos primeiros alvos da comissão a serem ouvidos. “Vamos trabalhar para ele vir primeiro ou imediatamente após o ex-ministro da Justiça Anderson Torres”, afirmou Eliziane.
O texto encontrado no telefone do “faz-tudo” de Bolsonaro era uma troca de mensagens com o sargento Luis Marcos dos Reis, preso junto com ele no início de maio na operação que apura fraudes nos cartões de vacinação de diversas pessoas, entre elas do ex-presidente e de sua filha Laura. O documento é uma minuta de um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e alguns “estudos” que, segundo investigadores da PF, eram destinados a dar suporte a um golpe de Estado.
O plano dos bolsonaristas para o golpe contra a democracia pretendia a criação de “perturbações da ordem pública” que justificassem a decretação da GLO (Garantia da Lei e da Ordem). Os atos terroristas na sede da Polícia Federal no dia da diplomação de Lula que culminaram na depredação dos Três Poderes no fatídico 8 de janeiro de 2023, em Brasília, faziam parte dos planos.
Aliás, o desespero dos bolsonaristas no dia 8 de janeiro já sinalizava que os golpistas não tinham conseguido arrastar as Forças Armadas para a sua aventura. Os fascistas saíram quebrando tudo o que viam pela frente e acabaram presos na manhã seguinte numa operação conjunta das Forças Armadas e a Polícia Militar do Distrito Federal, já sob intervenção federal. Foi decretada a prisão de Anderson Torres, bolsonarista deslocado para a Secretaria de Segurança do GDF e o afastamento do governador Ibaneis Rocha.
A CPMI volta a se reunir na próxima terça-feira (13) e Anderson Torres já está na lista de convocados. Há pelo menos 13 requerimentos para ouvir Mauro Cid em pauta. Um deles é assinado pela relatora da comissão. Os pedidos variam entre convite e convocação. Se convocado, Mauro Cid, em tese, seria obrigado a comparecer. Porém, se a defesa argumentar judicialmente que ele não é obrigado a produzir provas contra si, Cid pode deixar de ir à comissão ou comparecer para ficar calado.
No atual contexto, Mauro Cid não é, ainda, considerado um investigado pela comissão e estaria na condição de testemunha. Ainda que exista entendimento de tribunais superiores de que testemunhas sejam obrigadas a comparecer em comissões parlamentares de inquérito, há brechas que dão chances da testemunha faltar. Quem está em polvorosa com a convocação de Mauro Cid é Bolsonaro, o mentor principal do golpe. Mauro Cid só cumpria ordens do “chefe”.
O senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), líder do governo no Senado, afirmou que Cid será “um dos primeiros” a depor na CPMI do Golpe. “Eles terão muito a explicar ao povo brasileiro!”, disse o parlamentar, que também participa da comissão, pelas redes sociais.