A União Europeia e a Grã Bretanha não conseguiram nesta segunda-feira (4) chegar a um acordo sobre a conclusão da primeira fase das negociações do Brexit, anunciaram a primeira-ministra Theresa May e o presidente da Comissão Europeia, Jean Claude Juncker
“Apesar de nossos melhores esforços e do significativo progresso alcançado nas últimas semanas, não foi possível chegar a um acordo completo hoje”, afirmou Juncker, acrescentando que a falta de um acordo “não é um fracasso”.
Por sua vez May asseverou que “os dois lados têm trabalhado duro e de boa fé, temos negociado duramente”. “Voltaremos a nos reunir no final da semana e também estou confiante que concluiremos isso de forma positiva.”
A Grã Bretanha tem pressa de chegar à segunda fase – como será o comércio entre as duas partes daqui em diante, que é fundamental para o país -, mas os europeus exigem antes compromissos definitivos sobre a ruptura.
Segundo as agências de notícias, os avanços se referem ao valor a ser pago pela Grã Bretanha para deixar a União Europeia, e quanto aos direitos mútuos dos cidadãos dos dois lados após o Brexit – o que os dois chamaram de “entendimento comum”. A UE e Londres estão trabalhando intensamente para ter um acordo antes da cúpula da organização européia, que ocorrerá de 14 a 15 de dezembro.
A questão que segue pendente é a da fronteira irlandesa, assunto que acaba envolvendo questões delicadas. May e Juncker voltarão a se reunir no final de semana. O governo de Dublin pediu a Londres que faça de tudo para evitar a volta de uma fronteira física com a província britânica da Irlanda do Norte, quadro estabelecido no acordo de paz da Sexta-feira Santa de 1998 entre a Inglaterra e o IRA.
Conforme os analistas, persistem as dificuldades em encontrar uma redação adequada que garanta a fronteira na protegida [aberta] estabelecida no acordo de paz de 1998 que deu fim a três décadas de confrontos sangrentos. Quanto à questão, o presidente do Conselho Europeu, outra instância da UE, o polonês Donald Tusk, afirmou que “se a oferta britânica for inaceitável para a Irlanda, também será inaceitável para a UE”.
Conversas preliminares entre Dublin e o governo May irritaram os aliados do governo conservador em Belfast, o Partido Unionista Democrático da Irlanda do Norte (DUP), que emitiu uma reiteração intransigente de sua recusa em aceitar qualquer “divergência” quanto às regras sobre o continente. Para complicar, o governo escocês e o prefeito de Londres também disseram que se houver um status especial para Belfast, também querem aderir a ele.
O primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, cancelou uma coletiva de imprensa após o anúncio de Juncker e May. “Estou surpreso e desapontado com o fato de que o governo do Reino Unido parece não estar em posição de concluir o que foi acordado no início de hoje”, afirmou. Ele acrescentou aceitar que a primeiro-ministra britânica haja pedido “mais tempo” e saber que ela “enfrenta muitos desafios e negocia de boa fé”, mas concluiu que sua posição e a do governo irlandês “são inequívocas”.