“Um dos lunáticos está nos Estados Unidos e eu espero que o Banco Mundial tenha juízo e saiba escolher bem seus diretores”, disse o presidente da Câmara
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que “o Ministério da Educação não pode estar atrelado a uma política reacionária” ditada por “lunáticos”.
“Os lunáticos conseguem prevalecer em um debate em que a racionalidade devia ser a principal palavra. Precisamos melhorar a qualidade de ensino com racionalidade, com debate de gestão pública, melhorar a qualidade integrada aos municípios”.
Questionado quem seriam os lunáticos, fez menção ao ex-ministro Abraham Weintraub. “Um dos lunáticos está nos Estados Unidos e eu espero que o Banco Mundial tenha juízo e saiba escolher bem seus diretores. O BM não merece esse tipo de política, e muito menos o Ministério da Educação”, disse em entrevista concedida à Globonews, no domingo (5).
“O MEC não pode estar atrelado a uma política reacionária, uma política populista de enfrentamento falso entre esquerda e direita, de que aqueles que divergem são comunistas”, frisou Maia.
“Esses debates causam dano, já é um ano e meio de dano no Ministério da Educação, infelizmente. Acho que a gente precisa de um ministro que seja um bom gestor e que compreenda, junto com os municípios, como melhorar a educação das nossas crianças”, afirmou.
Segundo ele, “há um ano e meio nós não temos ministro da Educação. Agora, um teve que dizer que estava desistindo do Ministério porque estava sendo fritado nas redes sociais. É uma coisa lamentável”.
O secretário de Educação do Paraná, Renato Feder, foi convidado por Bolsonaro para assumir a pasta depois do vexame de Carlos Alberto Decotelli, que mentiu em quase todo o seu currículo, mas foi atacado nas redes sociais pelos seguidores do astrólogo Olavo de Carvalho, guru do presidente.
Rodrigo Maia disse que esse grupo olavista, “que quer viralizar o ódio”, cria “conspirações na cabeça do presidente para continuar tendo uma influência no governo”.
Para Rodrigo Maia, Bolsonaro ter diminuído os ataques aos Poderes e à democracia fez com que a situação melhorasse, “mas [a situação] ainda não é de harmonia”.
“Eu não tenho incomodo com nada. Dialogo com todos aqueles que queiram dialogar comigo, sento todos os dias para discutir com qualquer ministro os projetos para construir em conjunto os caminhos”, anunciou.
O presidente da Câmara acredita que precisamos de harmonia para combater o coronavírus de maneira efetiva.
“Precisamos de mais união entre os entes federados e entre os poderes da República. É importante que o governo federal, o Congresso e o Supremo possam estar juntos. Mais do que isso, que o Ministério da Saúde possa coordenar junto com as Secretarias da Saúde o enfrentamento ao vírus”.
“A população está começando a ficar angustiada, e nós entendemos. Os bares abrindo muito cheios no Rio de Janeiro. Todos temos que tomar cuidado porque uma segunda onda pode acontecer”, alertou.
Rodrigo Maia disse que o Sistema Único de Saúde (SUS) se mostrou importantíssimo durante a pandemia. “Sem o SUS o Brasil não teria superado, como está superando, essa crise. Não tivemos um colapso no sistema de saúde. O Sistema tem funcionado. Muitos faziam críticas no passado, inclusive eu. Mas não tenho dúvida que devemos pensar o SUS como um bom instrumento que seja um pilar para a nossa sociedade”.
FAKE NEWS
Durante a entrevista, Rodrigo Maia também comentou sobre o Projeto de Lei das Fake News (PL 2.630, de 2020), que foi aprovado pelo Senado e seguiu para a Câmara.
Maia afirmou que será criado um grupo pequeno de deputados para avaliar o relatório do Senado e “dizer o que tem de bom e o que nós discordamos”.
“Já que haverá veto do presidente, é importante construir uma maioria absoluta para derrubar os vetos”, disse.
Para ele, “a matéria é decisiva. As fake news passaram a ser um instrumento de viralização do ódio, do estímulo ao ódio às instituições democráticas, ameaças à vida, à integridade física de muitas autoridades. Passou a ser um tema vital para o futuro da nossa democracia”.
“Nós precisamos ter uma lei que caminhe para punir aqueles que financiam essas estruturas. Seguir o dinheiro é muito importante. As plataformas precisam ter alguma responsabilidade e transparência sobre isso”, continuou.
Maia também citou o problema da proteção dos dados dos usuários. Ele se preocupa com o fato de poderem ser usados para a manipulação da população, como aconteceu na eleição de Donald Trump. “Nós precisamos proteger os dados de cada cidadão, que têm um valor muito importante”.