
“Sou radicalmente contra”, enfatizou Claudia Sheinbaum ao repudiar a medida de Trump que estabelece novas restrições nos terrenos econômico, comercial, financeiro e do turismo a Cuba
A presidente mexicana Claudia Sheinbaum repudiou o memorando de Trump, que intensifica o embargo econômico, comercial e financeiro contra Cuba: “Somos radicalmente contra”, declarou a chefe de Estado, em resposta a uma pergunta sobre a posição de seu governo em relação a essa decisão.
Assinado pelo presidente Donald Trump na segunda-feira, 30 de junho, o documento intitulado Memorando Presidencial de Segurança Nacional (NSPM) reforça restrições contra Cuba que estão em vigor há mais de seis décadas.
A deletéria medida restabelece restrições econômicas, financeiras, diplomáticas e imigratórias semelhantes às implementadas durante o primeiro mandato de Trump, intensificando o impacto sobre a população cubana e, especialmente, aplica a proibição ao turismo dos EUA em Cuba. Para ameaçar os norte-americanos que descumprirem o ditame, o memorando estabelece auditorias regulares e manutenção obrigatória de registros de todas as transações relacionadas a viagens ao exterior dos cidadãos do país por pelo menos cinco anos.
Sheinbaum afirmou que a posição do México se baseia nos princípios de política externa estabelecidos na Constituição, que priorizam a não intervenção, a autodeterminação dos povos e o respeito à soberania.
“O México é o país que votou contra o bloqueio a Cuba durante décadas, e essa sempre será a nossa posição”, assinalou, lembrando que isso reforça o apoio do seu país às resoluções anuais da ONU que pedem o fim do embargo, apoiadas pela maioria dos Estados-membros.
A condenação do memorando pelo México se soma às críticas de outras nações latino-americanas, como a do presidente boliviano Luis Arce, que, em nome do seu povo, também rejeitou a medida e expressou solidariedade ao presidente cubano Miguel Díaz-Canel.
Da mesma forma, em Honduras, a Associação de Amizade Honduras-Cuba condenou o endurecimento do bloqueio.
CHINA PEDE FIM DO BLOQUEIO E DAS SANÇÕES IMPOSTAS A CUBA
A China também pediu o levantamento imediato do bloqueio e das sanções impostas a Cuba pelos Estados Unidos, bem como a remoção da Ilha da lista de Estados patrocinadores do terrorismo, elaborada unilateralmente pelo governo de Trump.
Mao Ning, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, enfatizou que, nos últimos 60 anos, os EUA «impuseram um bloqueio brutal e sanções ilegais a Cuba, violando gravemente seu direito à sobrevivência e ao desenvolvimento, violando as normas básicas das relações internacionais e causando graves desastres para o povo cubano».
Em resposta a uma pergunta sobre o recente memorando do presidente norte-americano, a porta-voz reiterou que a China «apoia firmemente Cuba na busca por um caminho de desenvolvimento que se adapte às suas condições nacionais» e expressou sua rejeição ao uso de sanções unilaterais por Washington «sob o pretexto de chamadas ‘liberdade’ e ‘democracia’».
Mao enfatizou que o levantamento do bloqueio e a remoção de Cuba da lista de Estados patrocinadores do terrorismo também são uma demanda da comunidade internacional.
“NÃO NOS SUBMETERÃO”, AFIRMA PRESIDENTE CUBANO
Por sua vez, Havana denunciou reiteradamente em fóruns de diálogo que o bloqueio, em vigor há mais de seis décadas, causou perdas econômicas superiores a US$ 1,4 trilhão, calculadas com base no valor do dólar em relação ao ouro no mercado internacional.
O presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, denunciou a adoção pelos Estados Unidos desse novo plano agressivo contra a nação caribenha, cujo objetivo é “causar o maior dano e sofrimento possível ao povo. Vamos sentir o impacto, mas não nos submeterão”, afirmou.
Na terça-feira, 1º de julho, o ministério das Relações Exteriores de Cuba (Minrex) publicou um comunicado assinalando que o documento dos EUA “consiste em uma reedição e emenda ao Memorando Presidencial sobre Segurança Nacional nº 5”, emitido pelos EUA em 16 de junho de 2017, durante o primeiro mandato de Trump que reforça o bloqueio econômico contra a Ilha.
“Cuba denuncia e rejeita categoricamente ambas as versões do infame documento”, afirmou o comunicado do Minrex.