Escolhida a melhor jogadora da Copa do Mundo de Futebol Feminino na França, a capitã da seleção campeã norte-americana Megan Rapinoe já tinha avisado que, se ganhassem o título, se recusaria a visitar o presidente Trump.
No início da semana passada, um vídeo que circulou nas redes sociais – gravado antes da Copa – mostra Megan dizendo, com palavrão e tudo, que não visitaria a Casa Branca caso a seleção dos EUA ganhasse a competição. É praxe o presidente receber a equipe campeã de campeonatos internacionais, mas a camisa 15 esclareceu com antecedência: “Não irei à merda da Casa Branca. Não cantarei a porra do hino. Não respeitarei um sujeito que não merece respeito”.
Vitoriosa no domingo com a sua seleção ao vencer a Holanda por 2 a 0, Rapinoe é a artilheira com 6 gols e é tetra campeã. A atleta de 33 anos expressou sem papas na língua sua posição contrária ao atual governo de seu país e em protesto não cantou o hino nacional dos Estados Unidos quando foi executado.
Já em 2016, a jogadora se solidarizou com Colin Kaepernick, o jogador de futebol americano que punha um joelho no chão sempre que o hino era tocado, em protesto pela brutalidade policial contra os negros. Rapinoe imitou o gesto, levando a federação a criar uma norma que exigia “respeitar” o símbolo nacional, permanecendo em pé.
Na quarta-feira (3), um dia antes do 4 de Julho, dia da Independência dos EUA, Rapinoe disse que “acho que este país foi fundado com muitos grandes ideais, mas também foi fundado com base na escravatura. E acho que só precisamos ser verdadeiramente honestos sobre isso e estar realmente abertos para falar sobre esse problema, para que possamos conciliar isso e, com sorte, avançar e tornar este país melhor para todos, sem racismo, sem discriminação”. “Se falamos dos ideais que defendemos, todas as canções, o hino e aquilo sobre o que fomos fundados, acho que sou profundamente americana”, concluiu Megan.
Após o apito final, a torcida americana presente em Lyon cantou “equal pay” – “pagamento igual”, frase que foi assumida pela seleção norte-americana durante a competição nos pedidos por igualdade de premiações e salários para o futebol feminino quando comparado ao masculino.
Outras integrantes da equipe também expressaram que não irão à Casa Branca para serem recebidas pelo presidente. Ali Krieger, outra estrela da seleção dos EUA, disse 15 dias atrás, referindo-se a Trump: “Sei que fica bravo diante de mulheres que não pode controlar ou manusear, mas eu estou com @mPinoe [Rapinoe] e ficarei distante também. Não apoio este governo nem o seu ataque contra os migrantes, nossos mais vulneráveis e os cidadãos LGBTQ”.
Durante este governo várias equipes esportivas profissionais rejeitaram o convite à Casa Branca, incluindo os Golden State Warriors depois que ganharam o campeonato de basquete profissional, e cujos principais jogadores e seu técnico criticaram as políticas de Trump, incluindo sua perseguição aos imigrantes em 2017 e 2018. As Águias de Filadélfia (Philadelphia Eagles), equipe de futebol americano, também não foram à sede do governo norte-americano depois de ganhar o campeonato no ano passado.