Em entrevista nesta sábado (17), o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, aposentado como ex-presidente do BankBostom [recebe US$ 700 mil por ano] e ex-funcionário do Friboi, decepcionou os poucos incautos que ainda se iludiam de que a intervenção federal do Rio de Janeiro era coisa séria. Desconversou quando a repórter lhe perguntou sobre a liberação de verbas para as ações de segurança no Rio. “Isso já foi resolvido quando nós discutimos a crise fiscal do Rio de Janeiro”, disse ele, acrescentando que o Exército iria “avaliar agora se precisará de mais alguma coisa”.
“O que tem de novo é apenas quem comanda as forças de segurança”, disse Meirelles. “Agora, havendo a necessidade de tropas federais, de recursos específicos, aí as Forças Armadas estão fazendo os cálculos para ver se é necessário algumas coisa a mais e vão nos informar no devido tempo”, completou o ministro banqueiro. Como assim? As FFAA vão ver se será necessário? Para Meirelles, isso não é assunto do governo federal, do Ministério da Fazenda. Será que Meirelles acha que não vão gastar nada? Só se ficar tudo parado. É isso o que ele quer, na verdade. O Ministério da Segurança não tem nem orçamento. O Meirelles não quer muita ação não. Na opinião dele, tem que economizar. Jogaram o Exército no fogo e, agora, quando começam a aparecer as demandas, estão tirando o corpo fora.
Ou seja, o que Meirelles disse com todas as letras é que mais recursos para as ações da intervenção e para melhorar a segurança pública no Rio não vai ter. “Isso já foi discutido”, disse ele. E, quando ele diz que essa discussão já foi feita, está se referindo ao pacote de arrocho que o governo federal impôs ao Rio, assim como a outros estados, com congelamento de salários de servidores, suspensão de concursos, aumento de alíquotas de contribuição previdenciária, congelamento de investimentos, privatizações, etc. Em suma, redução das ações sociais e não aumento, além das negociatas com o patrimônio público. Afinal, é só nisso que pensam os banqueiros, chefes dele.
Henrique Meirelles, o manda-chuva do governo Temer, e que, quem diria, era o preferido de Lula para ser ministro da Dilma, não está preocupado com segurança pública e nunca esteve. A única “segurança” que preocupa Meirelles é a dos bancos, do lucro dos bancos. E não é com qualquer banco que ele se preocupa. Ele é porta-voz dos banqueiros americanos. É serviçal de Wall Street. É para eles que o depravado governa. Não pode gastar com segurança pública porque vai faltar para os juros dos seus amos. Em 2017 foram transferidos da sociedade R$ 402 bilhões só para os juros da dívida pública. Um ano antes os gastos com juros tinham sido de R$ 408 bilhões. Em dois anos, quase R$ 1 trilhão para a parasitagem financeira. Enquanto isso, a segurança pública, e outras áreas sociais, estão se desmantelando.
Dos míseros R$ 9 bilhões que foram designados para as ações de segurança pública no orçamento de 2017, ainda foram cortados R$ 2 bilhões. Todo o orçamento do Ministério da Justiça, que embarcava Polícia Federal, o Fundo Nacional de Segurança Pública, o Fundo Penitenciário Nacional, etc, não passa de R$ 14 bilhões. Para ser mais preciso, a previsão orçamentária de 2017 para o Ministério da Justiça era de R$ 13,29 bilhões. Ainda assim, foram cortados os R$ 2 bilhões que citamos acima. Em sua marketagem sobre a intervenção, Temer criou um novo ministério. O Ministério da Segurança Pública. Pois bem, isso já faz um mês e, como dissemos, nem orçamento definido esse órgão tem. Ou seja, essa intervenção não é coisa séria. Afinal, com Temer, nada poderia ser sério.
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