Meirelles, o ex-presidente do conselho da JBS que é o ponto comum entre Temer e Lula (cáspite!), declarou que “a crise já acabou e o Brasil está crescendo. Hoje já temos criados, desde o início do ano, mais de um milhão de empregos”.
Como de costume, Meirelles não tem escrúpulo algum – até porque é desprovido de caráter – em mentir, mesmo quando a mentira é monstruosa. Nem em tripudiar sobre quem trabalha – e não consegue emprego devido aos celerados que estão no governo, a começar dele.
Vejamos os dados da PNAD Contínua, do IBGE, sobre o desemprego (“população desocupada”):
DEZEMBRO/2016: 12,342 milhões;
JANEIRO: 12,921 milhões;
FEVEREIRO: 13,547 milhões;
MARÇO: 14,176 milhões;
ABRIL: 14,048 milhões;
MAIO: 13,771 milhões;
JUNHO: 13,486 milhões;
JULHO: 13,326 milhões;
AGOSTO: 13,113 milhões;
SETEMBRO: 12,961 milhões.
Como o leitor pode ver – ou calcular – o contingente de brasileiros desempregados, este ano, aumentou em 619 mil pessoas, em relação a dezembro de 2016.
Portanto, é mentira que o governo tenha “criado, desde o início do ano, mais de um milhão de empregos”.
Detenhamo-nos, porém, nos números acima: de janeiro a março – apenas três meses – os desempregados aumentaram em um milhão e 834 mil pessoas.
Esse massacre diminuiu nos meses subsequentes – até porque era impossível continuar no mesmo ritmo. Da mesma forma que o aumento galopante do desemprego foi provocado pela política de Meirelles e Temer, a Operação Lava Jato – com a polícia e a Justiça cada vez mais nos calcanhares de Temer – fez com que esses bandidos não pudessem continuar a todo vapor com a sua política. A principal preocupação de Temer se tornou a de escapar da cadeia.
Meirelles, provavelmente, está tentando capitalizar a redução da “população desocupada”, após março, escondendo o que aconteceu desde janeiro. Coisa de vigarista, mas assim ele é.
Porém, a aparente redução da população desocupada depois de março foi inteiramente devida ao subemprego: os “trabalhadores por conta própria” aumentaram em 632 mil e os empregados – não domésticos – sem carteira assinada aumentaram em 652 mil. Somados, eles preenchem – mais do que preenchem – a suposta redução nos “desocupados” entre abril e setembro.
Ou seja, o desemprego obrigou trabalhadores, para sustentar a família, a aceitarem ocupações que estão abaixo até mesmo do que, no Brasil, se chama emprego.
Desde sua posse, em maio de 2016, até março deste ano, Meirelles e Temer destruíram 2 milhões e 765 mil empregos – ou seja, elevaram o desemprego de 11 milhões e 411 mil pessoas para 14 milhões e 176 mil pessoas.
Portanto, seria risível, se não fosse cinismo, esse anúncio de que o governo criou um milhão de empregos neste ano.
Mesmo que isso fosse verdade, o que significaria isso em um país onde há, segundo o IBGE, 26,3 milhões de pessoas que estão desempregadas ou “subempregadas”? Exceto para os fariseus, não se pode dizer que subemprego seja a mesma coisa que emprego. O subempregado é, a rigor, um desempregado.
Há quem diga, com abundantes elementos de prova, colhidos aqui e nos States, que Meirelles é capaz de qualquer coisa, contanto que não seja algo edificante – desde montar uma rede de empresas-fantasmas, como se viu no caso Banestado, até garantir para os clientes do BankBoston que não havia papéis mais seguros do mundo que os da Argentina de De la Rúa, passando pelas mamatas da JBS.
Assim, diz que “a crise já acabou” – quando todos sabem que a causa da crise é a sua política. A crise não vai acabar enquanto essa política, e ele, não forem varridos do país.
C.L.