Ministro da JBS e do BanKBoston negocia nos EUA o patrimônio do povo brasileiro e diz que privatização será como o desmonte da Telebrás
Em Washington, após participar da reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) e de uma sessão de perguntas e respostas durante encontro com “investidores” no Instituto para Finanças Internacionais, Meirelles insistiu em sua arenga de “necessidade” da aprovação este ano do assalto à Previdência para favorecer ainda mais os bancos. “É uma questão de bom senso para o país aprovar agora a reforma da Previdência”, disse a jornalistas, na quinta-feira (12).
Segundo o ministro de Temer, aprovação da reforma em 2017 ajudaria a aumentar “o nível de confiança, a força e a estabilidade dos índices econômicos e o volume de investimento”. Contudo, asseverou que a dita reforma é “fundamental” para o cumprimento do teto de gastos não financeiros, que congela os investimentos, deixando livre apenas os gastos com juros e amortizações da dívida pública.
Para Meirelles, “se não houver aprovação das medidas necessárias e se, em algum momento, o Orçamento e as despesas públicas violarem a regra do teto, os mecanismos são autocorretivos. Existe, então, o corte de novas isenções, subsídios, paralisação de qualquer aumento de contratação ou de salários”.
ELETROBRÁS
Em palestra promovida pela Câmara de Comércio Brasil – Estados Unidos, na sexta-feira (13), ele afirmou que a Eletrobrás pode ser privatizada até 2018: “É possível e deverá ser tão importante quanto a privatização das telecomunicações”. Resta a pergunta: para quem foi importante a privatização das telecomunicações? Para o país e para o povo é que não foi. A privatização resultou em serviços caros e ineficientes; possibilitou a criação de aberrações do tipo Oi – essa maravilha de “global player” petista -, atolada em uma gigantesca dívida de mais de R$ 65 bilhões, toda de curto prazo. As empresas estrangeiras que se apossaram das redes e cabos estatais não investiram e aumentaram a remessa de lucro para suas matrizes no exterior.
“Eu perguntaria se, com base na experiência recente, temos um paradigma de eficiência no setor privado? Penso que não. Empresas viciadas em subsídios e isenções, incompetências que mataram um rio, quebra de contratos devolvendo concessões e péssimos serviços prestados em setores que já são privados há décadas. Não há benefícios. Aumento de tarifa na certa”, frisou o engenheiro Roberto D’Araújo, diretor do Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Energético (Ilumina), em entrevista ao Correio da Cidadania, sobre a privatização da Eletrobrás. “O Brasil será o único país sem controle sobre um sistema integrado que construiu”, acrescentou.
PIB
Meirelles não se furtou em assegurar o milagre da “recuperação da economia brasileira”, conseguindo ver um Produto Interno Bruto (PIB) potencial de 4% “em três, quatro anos”. Claro, desde que aprovada reformas como a da Previdência. “Algumas delas já foram aprovadas, como, por exemplo, a taxa de longo prazo para o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social]”, destacou. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), a instituição da TLP em substituição à TJLP vai restringir os investimentos.
A estimativa de analistas do mercado financeiro, conforme o boletim Focus, do Banco Central, é que o PIB cresça 0,7% este ano, mesma projeção da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e do Fundo Monetário Internacional (FMI). Ou seja, abaixo do crescimento previsto para 30 países da América. Para 2018, o Fundo reduziu a estimativa de crescimento do Brasil de 1,7% para 1,5%.
No primeiro semestre deste ano, ante o mesmo período do ano passado, a variação do PIB brasileiro foi zero. Taxa de juro real maior do mundo, as regras do teto de gastos públicos e a instituição da TLP não favorecem o investimento, ao contrário, são impeditivos. Portanto, nada de novo no front e o país segue agonizando no fundo do poço.
VALDO ALBUQUERQUE