O candidato do PMDB à presidência da República, Henrique Meirelles, segue com a estratégia inglória de tentar descolar sua imagem do execrado governo de Michel Temer. Na terça-feira (7), ele se esquivou de avaliar a gestão do atual ocupante do Planalto, de quem foi ministro da Fazenda até abril, afirmando que é candidato de sua história.
Para reforçar essa ideia, Meirelles citou o período em que ocupou a presidência do Banco Central, nos dois mandatos de Lula. Mesmo se negando a avaliar o governo Temer, disse considerar como ótimo o seu trabalho à frente da Fazenda.
“Eu sou candidato de tudo aquilo que já fiz no governo e antes. Essa experiência eu vou colocar à disposição do povo brasileiro. E no momento que a população conhece a verdade, tem acesso a essas informações dizem ‘nesse aí eu vou votar’”, afirmou.
O candidato alegou que a impopularidade do atual governo, que alcançou 82% em junho (segundo o Datafolha), não interfere em “absolutamente nada” na sua candidatura. “Isto é uma avaliação que não tem nada a ver com o meu trabalho”, disse, tentando ocultar o desastre que sua política econômica causou ao país.
A política econômica comandada pelo banqueiro cortou direitos dos trabalhadores, aumentou drasticamente a miséria e afundou o Brasil na recessão atual, jogando milhões de pessoas no desemprego e no subemprego, continuando o que Dilma vinha fazendo quando era presidente.
Em entrevista para o jornal “Folha de S. Paulo”, ele também disse que não é banqueiro, apesar de admitir ter sido presidente mundial do BankBoston por 30 anos. “A imagem de banqueiro é coisa forçada por alguns da oposição”, disse. Ele também diz que não foi da JBS, apesar de ter sido presidente do conselho do grupo J&F. “Não tem nada a ver comigo”, declarou. “Nunca dei orientação para a JBS”, negou, tentando se desvincular da picaretagem dos Batista.
Meirelles foi presidente do Conselho da J&F Participações, dona da JBS, de 2012 a 2016. Neste período, a JBS foi contemplada com cerca de 12 bilhões de reais do BNDES. Na JBS, ele embolsou R$ 40 milhões por ano. Segundo ele, para não fazer nada.
Na entrevista, ele disse: “Eu não tenho nenhum processo, nem acusação, nem investigação”. Não tem porque quando foi presidente do Banco Central, Lula lhe deu status de ministro, por medida provisória (MP), o que lhe deu imunidade através do famigerado foro privilegiado. E só não está na cadeia por causa disso. Com isso, o inquérito de suas picaretagens financeiras foi para o Supremo Tribunal Federal (STF), onde Gilmar Mendes e Nelson Jobim lhe deram cobertura. Meirelles usou seu cargo no BC para arquivar inquéritos contra ele e suas empresas de fachada.
O então senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), presidente da CPI do Banestado, demonstrou, no inquérito sobre as atividades de Meirelles, encaminhado pela Procuradoria Geral da República ao STF em 2005, que “durante a gestão do Sr. Henrique Meirelles à frente do Banco Central, 44 dos 64 processos [contra ele] foram arquivados em esforço concentrado, em três meses, muito embora tenham sido instaurados de forma espaçada, entre 1997 e 2002. No período de 19/11/2003 a 09/12/2003 foram arquivados 30 processos. Já entre 03/02/2004 a 10/02/2004, 11 processos. Dentre os processos arquivados, encontrava-se o de n° 0101074058, relativos às Silvanias, controladas pelo representado, o Sr. Henrique Meirelles”.
Segundo Antero Paes, as “Silvanias” se constituíram num conjunto de fraudes perpetradas pelo então presidente do BC de Lula. “Um outro processo analisado pelo Relator causou surpresa por envolver duas empresas offshores americanas – Silvania One e Silvania Two – controladas de uma outra Silvania no Brasil. Essas 3 empresas pertencem a ninguém menos que ao Presidente do Banco Central do Brasil, Sr. Henrique Meirelles. O Relator [deputado José Mentor (PT-SP)] não tratou do aspecto de relevância nesse caso, que é o fato de o Sr. Henrique Meirelles deter a atribuição de fiscalizar a si próprio e as operações que realizou” (grifo nosso).
“… é incontroverso o fato de que o Sr. Henrique Meirelles não declarou ao Fisco e ao TRE/GO o controle das empresas Silvânia Empreendimentos e Participações Ltda., Silvânia One LLC, Silvânia Two LLC e a empresa trust estrangeira The Henrique Campos Meirelles Revocable”. (cf. Carlos Lopes, HP, 14 a 26/10/2016, “Meirelles: empresas fantasmas, roubo e fraude acoitados por Lula e Temer”). Ver aqui.