Serão ouvidos os ministros militares do governo sobre as pressões de Bolsonaro para assumir o controle político da PF
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello autorizou nesta terça-feira (5) novas medidas no inquérito que apura a interferência de Jair Bolsonaro na autonomia da Polícia Federal, a partir das denúncias feitas pelo ex-ministro Sérgio Moro. Em depoimento, vindo à público nesta terça-feira (05), Sérgio Moro revelou vários detalhes sobre a pressão que Bolsonaro fez para interferir politicamente na Polícia Federal geral e na PF do Rio de Janeiro em particular.
Depois do depoimento de Sérgio Moro, o Procurador Geral da República, Augusto Aras pediu autorização ao STF para ouvir as pessoas citadas pelo ex-ministro. Serão ouvidos os ministros Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo); Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Walter Braga Netto (Casa Civil); a deputada Carla Zambelli (PSL-SP); os delegados da Polícia Federal Ricardo Saadi, Carlos Henrique de Oliveira Sousa, Alexandre Saraiva, Rodrigo Teixeira, Maurício Valeixo e Alexandre Ramagem.
Celso de Mello também autorizou a entrega de gravação de reunião em que os ministros testemunharam ameaça de Bolsonaro contra Moro.
O ministro deu vinte dias para a execução das novas medidas, solicitadas pela Procuradoria Geral da República (PGR). O procurador-geral solicitou que os depoimentos ocorram num prazo de cinco dias úteis, como foi definido para a oitiva de Moro. Augusto Aras quer ainda acesso os registros dos certificados digitais e assinaturas das autoridades que assinam o decreto de exoneração de Maurício Leite Valeixo. E, se houver, documento de Valeixo pedindo a exoneração ao presidente da República.
Há também a suspeita de falsificação de assinatura já que a exoneração de Maurício Valeixo foi publicada no Diário Oficial da União com a assinatura eletrônica de Sérgio Moro sendo que ele nega que tenha assinado a exoneração. No mesmo dia, uma edição extra do “Diário Oficial”, depois da denúncia de Moro, o governo republicou o ato, desta vez assinado por Bolsonaro e pelos ministros Walter Souza Braga Netto (Casa Civil) e Jorge Oliveira (Secretaria-Geral). Na justificativa oficial, constou que o texto foi reeditado por “erro material”.