Uma menina guatemalteca de sete anos morreu de desidratação e esgotamento na semana passada em um dos campos de concentração de imigrantes na fronteira com o México, onde se encontrava sob custódia do governo norte-americano. A informação vinha sendo abafada e só foi divulgada nesta quinta-feira pela reportagem do The Washington Post.
Conforme os registros, a menina e seu pai – cujos nomes ainda não foram divulgados -, viajavam com um grupo de 163 pessoas quando, profundamente esgotados pela caminhada no deserto, se entregaram aos agentes da Patrulha de Fronteira nos Estados Unidos na noite de 6 de dezembro ao sul de Lordsburg, Novo México. Oito horas após ser detida, profundamente debilitada e sem receber atendimentos especiais, a menina começou a ter febre de 40,9 graus e a convulsionar, morrendo 24 horas depois.
A nova morte de uma menor de idade – que sequer havia sido comunicada – “deve fazer”, disseram as autoridades estadunidenses, com que se intensifique o controle das condições dos centros de detenção da Patrulha de Fronteira e as próprias “instalações” em que ficam presas as famílias, com pais separados dos filhos por determinação de Trump.
Diante das inúmeras e crescentes denúncias das organizações de direitos humanos – e dos próprios horrores constantemente informados -, locais que amontoam dezenas de milhares de refugiados, fugidos principalmente de Guatemala, Honduras e El Salvador. “devem”, no entender das autoridades, passar por uma reciclagem. Uma maquiagem da política de “tolerância zero” do governo estadunidense, que acentua seu discurso racista e xenofóbico.
A chefe do Departamento de Segurança Interna, que supervisiona a agência de Alfândega e Proteção de Fronteira – que deveria ter garantido todas as condições de saúde e segurança que o caso requeria, foi convocada pelo Comitê Judiciário da Câmara dos Deputados a depor na semana que vem. “Exigiremos respostas imediatas para esta tragédia”, disse a democrata Jerry Nadler.
A morte da criança volta a comover a Guatemala. O país sofreu recentemente com o assassinato da jovem migrante Claudia Patricia Gómez Gonzále, de 20 anos, baleada na cabeça por um oficial de fronteira quando tentava ingressar nos Estados Unidos. Vale lembrar que ao mesmo tempo em que Claudia era enterrada, Trump propagandeava seus planos de erguer um gigantesco muro na fronteira para barrar qualquer passagem rumo aos EUA.
Nos últimos dias, entidades de direitos humanos alertaram que são alarmantes as cifras do êxodo centro-americano, especialmente de guatemaltecos pela parte norte, que já ultrapassa o número de migrantes hondurenhos detidos pela fronteira sul. As cifras, disseram, evidenciam a gigantesca caravana invisível de guatemaltecos que fogem da profunda miséria e da insegurança.
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