
Uma criança de nove anos foi vítima de racismo em uma escola particular de São Luís (MA). Conforme os relatos da denúncia, o menino, Gustavo, sofria preconceito com apelidos de “CLT”, “pedreiro”, “mendigo” e “pobre”. Além dos apelidos, Gustavo recebeu uma “carteira de trabalho” de papel com os dizeres “profissão: pedreiro civil; salário: 50,25 por ano; jornada de trabalho: 18 horas por dia”.
De acordo com reportagem do portal Imirante, o caso de racismo foi descoberto pelo pai de Gustavo, o jornalista e radialista Ismael Filho, após questionar o filho sobre possíveis constrangimento na escola, e foi relatado pela irmã Ana Flávia.
“Nosso pai é sempre muito atento, e depois de assistir a série Adolescência da Netflix, resolveu por precaução investigar se o Gustavo já passou ou já presenciou alguma situação de bullying na escola. Foi então que ele contou esse episódio e mostrou a carteira de trabalho de papel que os colegas fizeram”, disse a irmã, professora de língua portuguesa e doutoranda. De acordo com Flávia, ao tomar conhecimento do caso, a escola prestou suporte à família.
O caso foi também denunciado pelo pai, que, pelas suas redes sociais, publicou uma foto de Gustavo, acompanhado de um texto escrito pela irmã.
“Esse é meu irmão caçula, Gustavo. 9 anos, negro, violonista e bolsista em uma escola particular. Dias atrás, os colegas, em tom de chacota, fizeram para ele uma carteira de trabalho de papel, e entregaram como ‘presente’. Nome: Gustavo. Profissão: pedreiro civil. Salário: 50 reais e 25 centavos por mês. Jornada de Trabalho: 18 horas por dia. Desde então, o apelido de Gustavo tem sido ‘CLT’, em intenção e ação de ofensa”.
“Crianças de 8, 9 anos. Pequenas demais para terem desenvolvido sozinhas esse desprezo tão afinado por trabalho, por direitos, por quem constrói – literal e simbolicamente – o mundo onde vivem. Isso não nasceu com elas. Alguém ensinou. Alguém naturalizou que trabalhar é castigo, que construir é menor, que um menino negro com carteira de trabalho é piada pronta. Esse caso não é um acaso”.