Registro está em investigação sobre participação de empresários na discussão de um golpe de Estado, caso Lula vencesse eleições. Mensagens atacavam instituições da República
A Polícia Federal acaba de descobrir ordens diretas de Bolsonaro para que membros de sua milícia digital disparassem ataques em massa às instituições da República. O texto foi encontrado no celular do empresário Meyer Nigri, fundador da Tecnisa, e traz não só ataques a integrantes do Supremo, como também fake news sobre urnas, pesquisas e, por fim, a ordem: “Repasse ao máximo”, destacada com caixa alta.
O telefone celular de Nigri foi periciado em meio a uma investigação sobre empresários bolsonaristas que propagavam o golpe de Estado em um grupo de WhatsApp em 2022. O caso foi arquivado por determinação do ministro do Supremo Alexandre de Moraes, que decidiu que as apurações em relação a Nigri e Luciano Hang, das lojas Havan, sejam mantidas.
A decisão de Moraes pede o arquivamento da investigação contra os outros seis empresários do grupo: Afrânio Barreira Filho, dono do Coco Bambu, André Tissot, da Sierra Móveis, Ivan Wrobel, da W3 Engenharia, José Isaac Peres, da Multiplan, José Koury, do Barra World Shopping e Marco Aurélio Raymundo, da Mormaii.
Moraes ordenou que as investigações sobre Nigri continuem justamente porque a Polícia Federal encontrou um vínculo entre o empresário e Bolsonaro na disseminação de notícias falsas. Em agosto de 2022, por ordem de Moraes, a PF cumpriu mandados contra oito empresários. O grupo de WhatsApp chamado “Empresários & Política”, em 2021, passou a defender abertamente um golpe de Estado caso Lula fosse eleito.
De acordo com a decisão de Moraes, a PF pediu a extensão da investigação por não conseguir acesso às senhas do celular de Hang. Já Nigri teria recebido notícias falsas contra as urnas eletrônicas de um número de celular do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo a PF, um contato identificado como “Pr Bolsonaro 8” enviou um vídeo e uma mensagem atacando o processo eleitoral.
“Meyer Nigri, por mais de uma vez, abriu seu apartamento em São Paulo para apresentar, em 2018 o então candidato”, relata a investigação. O empresário é muito influente na comunidade judaica, e fez campanha por Bolsonaro neste ambiente.
O contato “PR Bolsonaro 8” seria de um dos números do ex-presidente, segundo registrado na decisão do STF. A investigação que mirava a pregação de um golpe de Estado por parte de alguns dos empresários mais conhecidos do país acabou esbarrando com a atuação do próprio ex-presidente Jair Bolsonaro no disparo de desinformação e ataques às instituições.