Justiça proibiu os campeonatos de cortes de Marçal por abuso do poder econômico
O candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal, organizou campeonatos de “Cortes do Marçal” durante a campanha eleitoral e pagou R$ 31,7 mil de premiação, segundo documentos obtidos pelo Estadão.
As mensagens do servidor no Discord “Cortes do Marçal” foram excluídas depois que o caso foi divulgado pela imprensa. O Estadão tem capturas de tela que comprovam os campeonatos realizados durante as eleições.
Tentando se livrar da acusação de abuso de poder econômico, Marçal diz que não fez pagamentos na pré-campanha e na campanha. Ele era apresentado como pré-candidato desde maio.
Entre 22 de abril e 22 de maio, no período de pré-campanha, Pablo Marçal pagou R$ 70 mil em prêmios para os 30 “cortes” com mais visualizações nas redes sociais.
Todos os vídeos tinham que ser marcados com #pablomarçal para dar mais visibilidade ao então pré-candidato a prefeito.
O primeiro colocado, Jocelei Matos Alcântara, recebeu R$ 10 mil pela propaganda que fez de Marçal. Ele ainda conseguiu, com outra conta, o sexto lugar e recebeu mais R$ 3 mil.
Uma segunda competição foi realizada no período entre 24 de junho e 7 de julho, dessa vez com uma premiação total de R$ 26,3 mil.
Para que fossem aptos a competir, os vídeos tinham que levar a marca #prefeitomarçal e #cariani.
O influenciador fitness e empresário Renato Cariani, parceiro de Marçal, é réu por tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.
Uma terceira competição foi realizada já no período eleitoral, que se iniciou no dia 16 de agosto.
Foram distribuídos R$ 31,7 mil para os vídeos que, entre 30 de julho a 18 de agosto, tivesse mais visualizações.
A competição exigia que a figura de Marcos Paulo, sócio de Marçal, aparecesse e que a hashtag #eusoumarcospaulo fosse utilizada. Pablo Marçal continuou como figura constante nos cortes que competiram.
No dia 18 de agosto, ao final da competição, um dos administradores da comunidade “Cortes do Marçal” no Discord publicou a mensagem: “Ganhadores, entrar em contato com o @<ADM> Galhardo para o mesmo colher os dados para recebimento”.
Uma seguidora de Marçal publicou em suas redes sociais um vídeo mostrando que o prêmio diário dos “Cortes do Marçal” nos dias 6 e 8 de maio, também durante a pré-campanha.
A comunidade era administrada por Jefferson Zantut e Gabriel Galhardo, que são funcionários da PLX Digital, uma empresa de Marçal.
Um áudio enviado por Zantut no grupo mostra que os pagamentos eram feitos por laranjas. “Não caiu [o pagamento]? Por um momento eu vi sua mensagem e fiquei assustado, mas aí eu lembrei o seguinte: que caiu na conta de uma outra pessoa. ‘Por que de uma outra pessoa, Jefferson?’ Lembra que eu falei que precisa emitir nota? Então, caiu na conta da Jéssica, que é uma prestadora, que vai emitir essas notas pra gente”, informou o administrador.
A Justiça Eleitoral determinou a suspensão dos perfis de Pablo Marçal por entender que ele se beneficiava dos pagamentos que fez nas competições, configurando abuso de poder econômico.