“Alguém conhece algum filho de alguém que morreu de vírus? Não tem”, disse o “mito”, num podcast nesta sexta-feira (14). Ele mente para esconder o desastre que provocou. Só entre 0 e 11 anos, foram 1.500, segundo o Ministério da Saúde, mas Bolsonaro diz que não viu nada
Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, voltou a colocar em dúvida nesta sexta-feira (14) o número de mortes por covid-19 no Brasil. Dessa vez, a mentira foi sobre as crianças. Segundo o próprio Ministério da Saúde, mais de 687 mil pessoas morreram em decorrência do coronavírus no país. Entre elas, segundo dados obtidos até janeiro de 2022, 1.449 óbitos foram de crianças. Médicos especialistas garantiram que mais de dois terços de todas essas mortes poderiam ser evitadas se o governo não tivesse sabotado as vacinas.
SABOTAGEM ÀS VACINAS
Bolsonaro agora tenta minimizar a tragédia que ele provocou e que levou o Brasil à triste condição de um dos campeões mundiais em número absoluto de mortes por covid. Ele sabotou a compra das vacinas e disse que elas eram ineficazes. Ajudou a disseminar o vírus, combateu o uso de máscara e promoveu aglomerações quando todos os médicos recomendavam cuidados para não espalhar a doença.
Assim como ele tenta agora esconder as mortes de covid que poderiam ter sido evitadas, Bolsonaro também disse, recentemente, que não há fome no Brasil. Outra mentira. Segundo um estudo divulgado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), 33 milhões de brasileiros estão passando fome no Brasil.
A verdade é que, quando o povo precisou de ajuda na pandemia, Bolsonaro não esteve presente. Estava andando de jet ski e de moto e brigando com os governadores e prefeitos. Não derramou uma lágrima sequer pelas mortes. Ao contrário, ele zombou das vítimas da doença. Cinicamente imitou pessoas morrendo de falta de ar em Manaus, desabastecida de oxigênio por culpa do governo, e disse que quem se protegia contra o vírus era “maricas”. Quando foi questionado pelas mortes, respondeu: “E daí? Eu não sou coveiro”.
Na entrevista a um podcast desta sexta, o mandatário disse, sem apresentar provas, que prefeitos fraudaram registros de óbito de crianças e pessoas mais jovens. “Falei que tinha que cuidar do pessoal que tem doença aí, ‘os comorbidades’, os mais idosos, o resto, vai trabalhar, cara!. A molecada não sofre com o vírus, porra…tanto é que você viu um moleque morrer de vírus por aí… Alguém conhece algum filho de alguém que morreu de vírus? Não tem”, afirmou.
UM QUINTO DAS CRIANÇAS MORTAS NO MUNDO ERAM BRASILEIRAS
O desconhecimento de Bolsonaro sobre as estatísticas do próprio Ministério da Saúde é assustador. Só para se ter uma ideia, até janeiro de 2022, 1.449 brasileirinhos entre 0 e 11 anos perderam a vida por causa da covid. Esses números seguiram aumentando até hoje, mas Bolsonaro diz que “ninguém viu moleque morrer de vírus”.
É o cúmulo da falta de escrúpulos. E, para justificar a sua mentira, acusa prefeitos, governadores, médicos e outros profissionais de terem fraudado os atestados de óbito dessas crianças.
Até junho de 2022, dados coletados pelo Unicef em 91 países mostram que a covid-19 foi a causa básica de óbito de 5.376 crianças menores de 5 anos no mundo. O Brasil responde por cerca de 1 em cada 5 dessas mortes.
Criminosamente, Bolsonaro acusa os gestores do país inteiro de terem cometido fraudes nos laudos para receber mais dinheiro. “O que aconteceu, em grande parte, o moleque tinha um traumatismo craniano, levaram pro hospital e colocaram no leito UTI Covid porque recebia por dia 2 mil reais enquanto a UTI normal eram 1 mil reais”, acrescentou o chefe do Executivo, sem apresentar provas.
PLANALTO AJUDOU A ESPALHAR O VÍRUS
Ele não só sabotou as vacinas e ajudou a espalhar o vírus, como afrontou a medicina e a ciência, espalhando a cloroquina, uma medicação ineficaz contra o coronavírus, pelo país inteiro. O resultado de seu negacionismo foi a tragédia que o Brasil viveu. Só perdemos para os EUA em número absoluto de mortes. O Brasil tem 3% da população mundial e teve 11% do número de mortes. Centenas de milhares de perdas poderiam ser evitadas e não foram por conta de sua conduta criminosa.
A gestão desastrosa de Bolsonaro foi associada no mundo inteiro à prática de genocídio. Isso ocorreu porque ele insistiu em defender que o vírus circulasse livremente no país para, segundo ele mesmo dizia, provocar a chamada imunidade de rebanho.
No mundo inteiro essa conduta foi condenada, mas Bolsonaro manteve sua teimosia e defendeu até o fim que a população brasileira se infectasse amplamente. A CPI da pandemia, do Senado Federal, condenou a conduta de Bolsonaro e de seu governo e ainda denunciou a corrupção na compra de vacinas.