“Por que os presidentes da República, do Senado ou da Câmara podem ser criticados e o BC não pode discutir? Lógico que pode. Tem que ouvir não só quem concorda, mas também quem discorda”, afirmou o presidente do BNDES
Aloysio Mercadante, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), voltou a defender a redução do juros em evento na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, nesta segunda-feira (12).
Em clima de descontração, Mercadante disse esperar pela redução da Selic, taxa básica de juros imposta pelo Banco Central desde agosto do ano passado, mantendo o Brasil campeão mundial de juros reais.
“Eu não vou fazer nenhuma crítica ao presidente do Banco Central, eu vou pedir uma salva de palmas pela decisão que ele vai tomar, seguramente, favorável à economia brasileira”, disse Mercadante, sob aplausos entusiásticos dos industriais.
Em entrevista no final do seminário Desafios e oportunidades de crédito com o BNDES, promovido pela Fiesp, Mercadante declarou que “dizer qual deve ser a decisão do Copom não é da minha competência. Mas a democracia veio para permitir o debate. Por que os presidentes da República, do Senado ou da Câmara podem ser criticados e o BC não pode discutir? Lógico que pode. Tem que ouvir não só quem concorda, mas também quem discorda”.
No evento, Aloysio Mercadante destacou o papel do banco de fomento para o desenvolvimento econômico do país e a importância do Estado no crescimento do país e no processo de transição energética.
O presidente do BNDES criticou, mais uma vez, a medida que exige que o banco destine 60% de seu lucro do banco para pagar dividendos. Ele defende o retorno a 25%.
Criticou também o “acordo” com o TCU (Tribunal de Contas da União) que obrigou o BNDES a devolver os recursos aportados pelo Tesouro Nacional para alavancar os investimentos ao setor produtivos. Os recursos transferidos de investimentos públicos foram usados para pagamentos de juros a bancos, conforme o “acordo”.
“Já pagamos R$ 270 bilhões a mais do que o BNDES recebeu de subsídios em seis anos, sem correção monetária”, enfatizou.
Segundo Mercadante, o órgão está em negociação com o TCU e com o Ministério da Fazenda para prorrogar o devolução da última parcela desse pagamento, no valor de R$ 23 bilhões, para até o fim do mandato atual. “Estou confiante de que vai avançar”, afirmou.
“Acho que é mais que razoável que você capitalize o banco para poder baratear o crédito e ajudar na retomada do crescimento, principalmente em um momento como este. O papel do banco público não é tirar dinheiro da economia para transferir para o Tesouro. O papel do banco público é fomentar a economia”, declarou.
Aos empresários, Mercadante anunciou que o banco está preparando a volta do programa do cartão de crédito destinado a micro, pequenas e médias empresas.