Maior taxa de juro do mundo, além de inibir o investimento, está aumentando a dívida pública, alerta o presidente do BNDES
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, criticou o Banco Central na quinta-feira (6), destacando que o órgão, ao seguir mantendo a taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ao ano, além de inibir o investimento, está provocando o aumento da dívida pública. Segundo Mercadante, o maior desafio para fazer o Brasil crescer é o custo do crédito.
“Com a maior taxa de juro do mundo, de janeiro a maio do ano passado, o custo da taxa de juros foi de R$ 187 bilhões para o fiscal do governo. De janeiro a maio deste ano, foi de R$ 297 bilhões. São R$ 110 bilhões a mais de custo fiscal. Além de inibir o investimento, estamos aumentando a dívida pública”, afirmou o presidente do BNDES.
“Nós precisamos reduzir os juros. O Senado precisa fazer esse debate com transparência. Esse país precisa crescer, tem tudo para crescer”, enfatizou Mercadante, durante a primeira reunião do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI).
Mercadante também afirmou que o “antibiótico” do BC pode se converter em “veneno” por conta da “dose”. Ele também questionou se o BC pretende reduzir os juros em doses homeopáticas, quando finalmente decidir pela queda da taxa Selic, fazendo referência à analogia médica de doses mínimas de medicamento ao doente.
“Nós vamos sair do antibiótico para a homeopatia na hora de reduzir a taxa de juros?”, perguntou Mercadante. Antibiótico foi uma analogia utilizada, há alguns meses, pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, para defender a continuidade da política de juros altos no Brasil.
Em sua fala, ainda, Mercadante cobrou do Senado, que é o responsável pela aprovação e destituição do presidente do BC, para debater as dificuldades que a política monetária contracionista do BC está impondo aos brasileiros.
“O Senado tem que fazer esse debate. Essa história de que não se pode reduzir a taxa de juros não é um valor democrático. Se pode discutir o presidente, o Congresso, o ministro, o Supremo, por que não pode discutir também a política econômica? Isso é uma coisa democrática, com argumentos. O Brasil está pronto para crescer. O Brasil é um cavalo na pista e o jóquei está segurando a rédea, [o jóquei] não deixa o país crescer”, ⁹⁹criticou Mercadante, ao destacar que o Brasil “tem tudo para crescer”.
O CNDI, responsável pela elaboração da nova política industrial brasileira, é composto por partidos, entes governamentais e representantes da sociedade civil, mas estava inativo há sete anos. Composição: 20 ministros, BNDES, 21 conselheiros representantes da sociedade civil, o que inclui entidades industriais e representantes de trabalhadores.
Mercadante também aproveitou o encontro para fazer críticas ao Conselho Monetário Nacional (CMN) , órgão que é composto pelo presidente do BC e os ministros da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e do Planejamento, Simone Tebet (MDB). O CNM até agora não definiu os critérios para que as entidades possam ter acesso aos recursos do BNDES, após o Congresso Nacional ter aprovado a medida provisória (MP) que permite ao banco fazer empréstimos utilizando a TR (Taxa de Referência) em vez da Taxa de Longo Prazo (TLP), principal indexador do BNDES, mas que torna o crédito mais caro por seguir a mesma lógica dos bancos privados.
“Com essa taxa de inflação, com a mudança da política da Petrobrás, com as medidas que o governo tomou, o otimismo que o mundo está com o Brasil, os juros vão cair. Agora, vamos começar a fazer mais”, disse Mercadante.
“O BNDES precisa da TR, que foi aprovada por unanimidade no Senado e na Câmara, basta apenas o Conselho Monetário Nacional regulamentar. Por que é importante a TR? São só R$ 5 bilhões [que podem ser utilizados para empréstimo com essa taxa] este ano, mas eu posso fazer um ‘mix’ da taxa de juros. Posso botar num projeto um pouco da TL e pouco da TLP – que nós estamos engessados nela – que já barateia o custo e agiliza os investimentos”, explicou Mercadante, que em seguida defendeu que o governo precisa tomar “medidas mais corajosas”.
“Nós reduzimos o spread de exportação. Nós já batemos agora em junho [uma marca]. O BNDES já financiou mais exportações industriais do que em todo o ano passado. O que mostra que a redução do spread vai significar mais exportações, mais divisas, mais valor agregado, mais desenvolvimento para a nossa economia. Agora vamos baixar o custo do dinheiro, tomar medidas corajosas e vamos começar já. Não dá para esperar homeopatia [ pequenos cortes na taxa de juros] para esse país voltar a crescer”, disse o presidente do BNDES.
Esse presidente do BC é um negacionista. Ele tem que ser demitido, não há como suportar.